NO ANDAR DA CARRUAGEM...
Quantas vezes nos sentimos pequenos, sem forças, desamparados diante de uma situação? Quantas vezes nossa fragilidade fica exposta frente às circunstâncias impostas pela vida? Desejamos alguma coisa e ocorre algo diametralmente oposto, pensamos que agimos certo e descobrimos que erramos, pedimos uma coisa e Deus nos dá outra. Conclusão: nos sentimos impotentes!
Na vida, é necessário reconhecer que algumas coisas estão fora do nosso alcance ou, pelo menos, saber esperar o momento propício para que aquilo se concretize. Sei, por experiência própria, que o dependente químico só dá o primeiro passo para vencer o vício quando admite sua impotência diante do mesmo. Isto é humildade.
Há momentos difíceis, tão difíceis que, dominados pela dor, chegamos a pedir que a morte nos tire do tormento. A impotência para mudar ou fazer determinada coisa embota nossa auto-estima e nos sentimos fracos, sem forças para suportar o fardo.
Mas quem disse que precisamos ser sempre fortes? Por que não podemos admitir nossa impotência, chorar, sentar à beira do caminho, não fazer nada? Soltar o corpo, aliviar a mente, reconhecer que não somos deuses? Até porque, ser sempre forte é chato e cansa... Pode não ser fácil mas, com o tempo, as coisas se resolvem por si só. Não é no andar da carruagem que as abóboras se ajeitam? Ou serão as melancias?
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"Mas nem sempre é necessário tornar-se forte. Temos que respeitar a nossa fraqueza. Então, são lágrimas suaves, de uma tristeza legítima a qual temos direito. Elas correm devagar e quando passam pelos lábios sente-se aquele gosto salgado, límpido, produto de nossa dor mais profunda."
(Clarice Lispector - A Descoberta do Mundo)