Hipocrisia disfarçada

"Acordei cedo, vesti minhas roupas e sai para apreciar a beleza a fora que se deitava sobre meus pés. Sol escaldante, árvores afloradas, e pássaros com um canto digno de primavera. Me sentei em um banco próximo, feito de madeira, já sendo devorado por cupins. Avaliei aquela paisagem como um crítico famoso e muito cogitado. Não encontrei nenhum erro. O vento batia nas folhas das árvores e faziam um barulho tão quanto irritante tão quanto apreciável. Levantei do banco, e decidi dar uma caminhada pelas colinas que ali se encontravam. Estava indo a algum lugar, não sabia onde, como sempre, não tinha direção. Escutei um barulho de ondas se quebrando. Caminhei tanto, que quando me vi estava de cara com o mar. Mar e amar. Dizem que ambos são infinitos. Confesso que sempre achei que o amor era apenas uma senhora “hipócrita”. Em um instante, meus pensamentos haviam entrado em transe. Com que moral eu chamava o amor de hipócrita? Eu era uma hipócrita. Meus sentimentos sempre foram mascarados com o tal amor, que a um instante atrás, havia confessado que o achava hipócrita. Me sinto vazia. Sempre me senti. Havia dentro de mim, um peso enorme. Um peso que me fazia muito mal. E eu sabia, que aquele peso, fora criado por mim mesma. Meus sentimentos foram aterrados em um mar de vazios. Mas, como eles poderiam ser aterrados em um mar de vazios, se o mar era um infinito? Era na verdade, um mar de contradições. Nunca me senti tão confusa quanto antes. Queria conter a transparência e ao mesmo tempo um insulfilme. Precisei descer as enormes colinas para perceber, que sim, eu era feita de hipocrisia e contradições. Depois de uma enorme reflexão, cai em mim mesma, e percebi que demorei muito tempo, para descobrir oque eu já sabia. Claro, eu vivo me perdendo."

Julia Machado
Enviado por Julia Machado em 27/03/2012
Reeditado em 23/01/2013
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