" O CADÉLO" E SUA SCUPI"

Num sitio dentro de uma grande cidade, viviam vários animais, mas três deles chamavam mais atenção :
Lili , uma bonita cachorra ainda jovem , Mamá mais velha , e o “cadélo” esposo da Mamá. 
A Lili foi levada a ficar um tempo fora do sitio e, em suas andanças, acabou por engravidar-se, de um cachorrão imaturo e irresponsável ; e em pouco tempo nasceu uma cachorrinha, linda linda. Lhe puseram o nome de Scupi. Alguns desconhecidos presentearam a pequena, com vários ossinhos , bolinhas e, para surpresa geral, até uma boneca foi-lhe oferecida. 
Parece que a natureza junta a fome com a vontade de comer , porque Lili não ficava atrás e também era imatura e irresponsável, apesar de ter idade suficiente e experiência de vida . Como imatura que era, parecia desleixada com a pequena filha ,mas como era sua primeira cria...davam-lhe desculpas.
Por obra do acaso, Scupi passou a rejeitar o bico do peito da sua mãe, quiçá até em represália, uma vez que sua mãe sonhando com seu"amor” distante, deixava-a ao relento, e sem a devida proteção, não observando ou melhor dizendo, atentando às suas necessidades. Observando o comportamento de ambos, o “cadélo” se viu forçado a suprir a carência dos seus pais, passando a estar sempre pertindo da mesma e tentando compensar o que lhe faltava ; ficavas horas e horas protegendo-a e não contente com isto, lambia-lhe toda, num gesto esmerado de amor. Apesar de expressando contentamento , demonstrando ser o "dono do pedaço” e não deixando ninguém aproximar-se da sua filha adotiva, deixava transparecer que não era totalmente feliz, faltava lhe algo e, realmente faltava. Quando Scupi desejava mamar , o paimãevô não podia satisfazer os desejos da sua pequena, e, entristecido, ficava sem saber o que fazer diante dos pedintes latidos da amada.
Por incrível que pareça, a natureza como nos dando uma senhora lição, e nos afirmando que tudo se transforma, fez com que o corpo do “cadélo” se metamorfosiase. Em pouco tempo os bicos do seus peitos começaram a avolumar-se e, gotas de leite quentinho saiam das suas entranhas para delírio e alimentação completa da pequena Scupi.
O “cadelo” mudou sua expressão; agora realmente era sereno ; sua Scupi, já sabia, latir, já conhecia seu latido, sabia comer, pedir as coisas, pedia para fazer coco, as vezes latia como que cantarolando, pedia para passear, brincava de esconde –esconde , pedia chocolate, bicicleta...,mas ainda mocinha , mamava no peito. Era até engraçado : onde ia o “cadélo”, Scupi ia pendurada em seus peitos. Uma vez Scupi surpreendeu seu “ pai” com palavras incríveis que o deixaram perplexo: ---Eu chorei por você - Você é só meu, né? -Eu sou linda? - Eu quero você- Você é meu vô e meu pai, né? - Cheguei na casa minha!
O “cadélo” então, delirava-se no sonho da felicidade e, na sua cabeça ,jamais passou que um dia fosse provar a dor de uma separação, até porque , a pequena Scupi , se tinha despertado atenção de alguém, não era aqueeeela atenção de interesse. Na realidade, nunca ninguém tinha sentido nem tão pouco suprido as mínimas necessidades da sua filha adotiva. Quando Scup nasceu, ficou vários dias aos cuidados de veterinários renomados, num centro de tratamento de primeiro mundo; tudo suportado pelos latidos do “cadélo”; até porque ,ela nascera antes do tempo. Como um ratinho. Embora de avançada idade, porem com suas faculdades mentais, auditivas e visuais em plena forma, nunca ouvira, nem vira nenhum que se diz parente, falar bem ou mal sobre a tal cachorrinha ; nunca viu se quer uma raçãozinha jogada indicando que era para ela. Mas as decepções que a vida caprichosa nos reserva, não demoraram; cachorros distantes que pela ausência de qualquer ato, nunca se manifestaram nem afetivamente ,tão pouco financeiramente, afiaram suas línguas e iniciaram uma grande campanha para que Scupi seja arrancada a qualquer preço do aconchego do “cadelo”
Camuflando-se como profetas, e ostentando ser o trabalhar de Deus, sustentaram categoricamente que o “cadélo” não tem o menor direito de privar Scupi, dos braços dos seus pais biológicos. Que a Lili é a verdadeira mãe, e que somente ela, sabe juntamente com o outrora espectro pai, e agora o SENHOR PAIZÃO DE DIREITO PLENO, o que é melhor para a “querida”. Afirmavam que o usurpador de paternidade , não é suficientemente capaz de acompanhar a formação e o crescimento da cachorrinha e, que para isto ,deveria ter nascido cachorro e não “cadelo”.  Scupi apesar de grandinha ainda mama, e o “cadelo” diante das pressões que no seu ver , são malévolas, tenta de todas as formas esquecer sua amada; tomou sintosinon para secar-lhe o leite, evita entrar na cazinha e ver o berço que que Scupi dorme , mudou a senha do seu computador que levava seu nome; e tal qual Sadam Russem outrora ,espera o pior. Enquanto espera, pinta com lágrimas dois quadros: um fazendo com que Scup o esqueça e desmame, e o outro tentando enganar  sua mente, fazendo-a compreender que a boneca Cauãna é a Scupi.