Paixão de Cristo

Hoje é um dia que merece nossa reflexão, não que os outros dias não mereçam, mas a história nos da um fato de extrema importância para toda a civilização ocidental, a morte de Cristo. Na verdade estamos falando de uma morte que não foi morte, mas vida, salvação, amor e perdão. A história de Cristo mudou profundamente a civilização a qual vivemos, estamos no ano 2012 depois de seu nascimento; dada a devida importância de sua passagem por esta terra.

Mas quem foi Cristo afinal? Apenas mais um messias, mais um pregador, um homem ou um deus? A narrativa bíblica nos diz que Jesus Cristo é o filho de Deus, não apenas um homem, mas uma das três pessoas da trindade segundo os teólogos. É bem verdade que isso é uma questão de fé, de acreditar que um homem-deus veio a terra e foi concedido pelo poder do Espírito Santo em uma virgem, como um sêmen divino, e depois esse homem tinha que nos mostrar o verdadeiro amor por meio do perdão de nossos pecados, sendo Ele mesmo sacrificado em nosso nome, dando sua vida por amor a mim e a você, fazendo isso a graça de nossa salvação.

Mas o que é esse amor do qual o apostolo Paulo falava brilhantemente em suas cartas, que não conseguimos vê-lo em nossa sociedade? Como podemos amar nossos inimigos ou perdoar aqueles que nos fizeram mal, se uma pedra dura ergue-se em nosso coração e rejeitamos o ideal de Cristo? Esse amor que tudo crer, tudo suporta, tudo espera, tem outro lado que não tem prazer com a injustiça, e que busca a verdade, como também não suspeita mal e não busca seus próprios interesses, e por fim, é um amor que devemos buscar, embora ele não esteja completamente conosco, pois hoje apenas vemos como imagens refletidas esse amor, um enigma em um espelho, mas um dia poderemos conhecê-lo como ele nos conhece.

Nem mesmo os apóstolos foram capazes de amar de tal forma, todos eles não passaram no teste de tudo que se espera desse amor antes da morte de Cristo. Por exemplo, Tomé e Pedro, ambos servos fiéis de seu mestre, não entenderam esse amor ao ponto de duvidar e negar. Tomé após a morte de Cristo parecia estar totalmente longe de sua fé em acreditar que um homem pudesse ressuscitar dos mortos, e que esse homem poderia pagar a dívida de nossas vidas com a sua. No entanto, os relatos bíblicos dizem que Cristo apareceu a Tomé ressuscitado, e que mesmo assim duvidava, e deve ele que pôr suas mãos na ferida de Cristo e dizer: “Meu Senhor e Meu Deus” (João-20-26,28). Para nós a incredulidade de Tomé é em certo ponto merecedora de descredito, mas a verdade não é essa, Tomé é de extrema importância para que hoje possamos crer sem ver. Amigos... Não sejamos hipócritas, acho que todos os outros discípulos poderiam estar com a mesma dúvida de Tomé, como antes Pedro não teve sua fé suficiente ao andar sobre as águas. Se nós estivéssemos em tal posição, dificilmente acreditaríamos também. A incredulidade de Tomé nos fez fiéis verdadeiros, irmos além da aparência, como também é o amor de Cristo.

Também Pedro discípulo amado de Jesus teve suas falhas sobre o amor. Pedro traiu a Cristo, o negou três vezes, dizendo que não o conhecia, não sabia quem era, mesmo amando a Cristo, mas não o amor verdadeiro, pois Pedro ainda estava amando a sí mesmo, aquilo o qual lhe interessava, estava ele com medo da morte. Nem mesmo tinha ele o direito de julgar Judas Iscariotes, pois ambos eram traidores, ambos negaram sua fé e seu amor. Judas, porém, foi mais egoísta, pode até ter se arrependido, mas não teve coragem suficiente de pedir perdão genuinamente, preferiu a morte, símbolo máximo do egoísmo. E é verdade que para conseguimos o perdão, devemos no mínimo permanecemos vivos, sem isso, nem mesmo poderemos ser perdoados, pois não há perdão para quem se foi e não se arrependeu.

Mas o que é esse perdão? Se formos procurar uma definição do que é o perdão iremos encontrar talvez algumas. Pelo dicionário Houaiss, um dos mais utilizados hoje no Brasil, iremos encontrar os seguintes conceitos: 1. Remissão de pena ou de ofensa ou de dívida; desculpa, indulto, 2. Ato pelo qual uma pessoa é desobrigada de cumprir o que era de seu dever ou obrigação por quem competia exigi-lo e 3. Fórmula de civilidade com que se pede desculpa. Tem alguns autores cristãos que tenho profunda admiração, é o caso do Caio Fábio, o qual tem um discurso formidável sobre o perdão. Concordo plenamente com ele, quando se refere ao perdão e diz que ele é divide em três partes: O perdão de si, o perdão de quem pede genuinamente e o perdão de quem perdoa . Essas são as fases do perdão que devemos aprender durante a vida. Discordo dele apenas no que posso dizer que o perdão às vezes não é necessário, isso é inaceitável, o perdão é necessário sempre, o que não é necessário é a nossa não capacidade de perdoar, perdoar a si mesmo e pedir perdão. E é verdade que amor verdadeiro não existiria se não houvesse o perdão. O perdão dado como pensa Caio, já diz respeito ao meu querer, minha representação, nada em relação ao outro.

Incrivelmente os apóstolos só entenderam isso após a morte de Cristo, pois todos eles haviam mascarado algumas dessas fases do perdão, não sabendo então qual era o amor verdadeiro ainda. Por exemplo, alguém que diz que perdoa, mas não quer um relacionamento com você, ou digamos, “eu te perdoo, mas não quero mais sua amizade”, na verdade essa pessoa esta agindo apenas pelo seu egoísmo, pelo o que é melhor para ela, pelo que é contingente, digamos de passagem, pela sua felicidade. Ora, o perdão é justamente o oposto disso, é lutar contra o egoísmo, irmos muitas vezes contra nossa felicidade momentânea. Quando Cristo diz para perdoarmos nossos inimigos ele vai além do que entendemos sobre o perdão terreno. Perdoar é realmente esquecer, limpar da memoria, irmos contra o que fácil, contra nosso amor de si mesmo. Quando dizemos que perdoamos, mas queremos as coisas a nosso modo, como, “eu te perdoo, mas não quero mais sua amizade”, na verdade o que estamos fazendo é agir de modo egoístico, pelo amor de si mesmo, e esse não é o verdadeiro amor. Talvez o Caio Fábio ainda não tenha feito um exame verdadeiro sobre isso. Não podemos mascarar o amor e o perdão com pseudos conceitos que não condizem com o que ele é de verdade por sermos incapazes de alcança-lo.

Na verdade eu sempre fui alguém com uma capacidade incrível de perdão, mas logo percebi que é quase unânime as pessoas em geral terem a deficiência de perdoar. A religião cristã se baseia basicamente em três palavras: amor, perdão e salvação. A maior dessas palavras é o amor, mas não há amor se não existe perdão, muito menos salvação. Só somos salvos pela graça divina porque Deus nos perdoo, e é isso que Ele espera de cada um de nós, como bem disse Jesus: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mt 6.14-15). Amigos, essa mensagem de Cristo é muito importante, pois é uma mensagem divina e humana, quando Ele reconhece que todos somos capazes de transgredir, de falhar, e para escapar disso resta-nos somente perdoarmos uns aos outros, como um Deus que pode dar o perdão a todos, pois entende nossas fraquezas.

Amar é muito mais que um gesto de carinho e atenção, é se doar por uma causa justa e correta, onde não há espaço para hipocrisias, apenas reconhecermos o que somos e porque somos. Os apóstolos só reconheceram o verdadeiro amor, esse que perdoa e salva depois da morte de cristo. Só assim eles amaram de verdade e morreram por está causa. Amar não é fácil e nem para qualquer um. Os traumas, as decepções que temos ao longo da vida, faz com que construamos barreiras para o perdão e o amor verdadeiro. Mas é importante que possamos perceber que cada vez que não conseguimos perdoar alimentamos isso também no outro. Cada vez que deixamos de amar alimentamos o não amor. Hoje deixo para todos essa mensagem - sejamos francos de coração, buscando o perdão em Cristo Jesus que nos perdoará. Digamos a Ele nossas falhas e fraquezas, e peçamos sua ajuda. Busquem o amor e o amor buscará vocês. Alimentem isso e com isso serão alimentados, e sigamos na paz e no amor de Cristo.

TAS
Enviado por TAS em 06/04/2012
Reeditado em 06/07/2013
Código do texto: T3598300
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