O tão esperado reencontro

Estranha essa distância metafórica que se instala entre nós e quem amamos, quando somos separados pela distância real.

Por enquanto, tenho sobrinho único. Que por sinal, também é o primeiro filho e primeiro neto. (informação desnecessária?) Só pra vc entender a atenção que rola.

Ele nasceu aqui em Goianésia, e a família toda se acostumou a mimá-lo. Enquanto morava aqui, cada novo episódio de seu desenvolvimento (quem tem crianças em casa entende) foi comemorado com louvor e motivo de muitos dias de repetição de algo irrelevante pra os outros, mas, que pra nós, parecia a descoberta do sentido da vida. rs

Bem no meio desses dias de pura diversão e descoberta foi posto um obstáculo: meu irmão se mudou. Uns 120 km daqui. Perto, se levar em consideração onde fica o Japão; mas quando me lembro que eles moravam no bairro ao lado, pra onde eu ia quase todo dia, é longe, muito longe.

Bem, as novidades que eu acompanhava diariamente, agora se tornaram periódicas. Com o coração apertado, aguardo ansiosamente o dia de ir vê-lo. Imagina a expectativa, aumentada pelos telefonemas da minha cunhada contando sobre a pronúncia das primeiras palavras, os primeiros passos, as artes aprontadas, os tombos e as invenções infantis do ser mais lindo do meu mundo. É, acredite, é uma baita expectativa. E ele só tem 1 ano e 3 meses. Há tanto, tanto pela frente.

Fui vê-lo nesse feriado e algo se destacou. Ele ta andando pra todo lado, se sentindo todo independente. Colo? Nem pensar. O destaque vai para a forma como me senti estranha aos olhos dele.

Aquele bb que adorava meu colo, agora me espreita, tentando manter-se escondido nas pernas da mãe. Ai que vontade de apertá-lo, beijá-lo, fazer carinho e receber o carinho inocente dele. Mas tive que esperar o tempo e a aproximação voluntária. Forçar estragaria tudo.

Coisa de criança. Mas também coisa de adulto né? Quem nunca passou por isso? Tempos longe de alguém que se ama, e no momento do tão esperado reencontro, as coisas ficarem estranhas e desconfortáveis?

Forçar estraga tudo, repito. É preciso paciência e amor. É preciso acreditar que a distância está tentando romper os vínculos, mas a gente reconstrói tudo de novo, leve o tempo que for preciso.

Eu, a titia babona, ali naquele momento, olhando pra ele, o meu amorzinho; eu, pra ele, a estranha. Algum tempo depois ele começou a me dar certo crédito. Já tava todo sapeca e solto. Pronto, eu o tinha!

E advinha? Já era hora de voltar pra casa. Deixei-o, com o coração pequenininho, sabendo que teria que conquistá-lo de novo e de novo, a cada novo reencontro. Mas sempre valerá a pena. Eu o amo e é isso que quem ama faz.

Jordana Sousa
Enviado por Jordana Sousa em 07/04/2012
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