A morte assustada
Quando comecei a pensar essa crônica, comecei pelo titulo, mas agora que comecei a escrevê- la, percebo que de assustada a morte não tem nada, pelo contrário, ela é assustadora, assustados serão os mortos se eles tiverem ciência disso, mas sobre isso ainda há muita controvérsia.Assustados ficamos todos nós, os ainda não mortos quando percebemos esses fatos acontecendo o tempo todo, gente morrendo de repente sem nenhum sentido.
Assustado deve ter ficado o pobre coitado que para fugir do frio da Mantiqueira se aconchegou em um forno de cerâmica e acordou todo tostado. Assustados ficaram aqueles três que em épocas e lugares diferentes, anestesiados pelo mesmo éter confundiram o leito da ferrovia com o próprio leito e se viram cortados em três. E como trêz vezes três são nove e noves fora, nada, então foi isso que eles passaram a ser.E o menino arteiro que da sacada do sobrado se pendurou no fio de alta tensão para se balançar? Assustado também ficou o primo de meu pai quando tendo que vistoriar uma locomotiva elétrica acabou levando um choque daqueles, choque que acabou com a vida dele. Não foi o mesmo tipo de descarga que uniu dois membros de uma mesma família, um mexendo na antena, o outro na televisão, mas certamente teve o mesmo efeito. Assustada ficou a manicure, mãe independente de dois filhos, que saiu de casa para ir trabalhar e morreu na subida do morro. E quando subo o mesmo morro penso que posso morrer também, então louvo ao Senhor por ter filho nenhum. Assustada fiquei eu e ainda não me conformo, pois a minha amiga, observando a filha em um parque de diversão se aproximou demais do brinquedo que acabou batendo em sua cabeça e lançando-a ao chão.Está certo, você que leu minha crônica anterior deve estar pensando que o fato ali narrado me deixou zonza e só pensando nisso – como é difícil a gente saber o que nos vai acontecer um minuto depois de agora. E com toda essa certeza eu pergunto e se alguém puder me responda: Por que, meu Deus, perdemos tanto tempo na vida se o que existe de mais certo é que podemos perdê-la assim, em um piscar de olhos?
Quando comecei a pensar essa crônica, comecei pelo titulo, mas agora que comecei a escrevê- la, percebo que de assustada a morte não tem nada, pelo contrário, ela é assustadora, assustados serão os mortos se eles tiverem ciência disso, mas sobre isso ainda há muita controvérsia.Assustados ficamos todos nós, os ainda não mortos quando percebemos esses fatos acontecendo o tempo todo, gente morrendo de repente sem nenhum sentido.
Assustado deve ter ficado o pobre coitado que para fugir do frio da Mantiqueira se aconchegou em um forno de cerâmica e acordou todo tostado. Assustados ficaram aqueles três que em épocas e lugares diferentes, anestesiados pelo mesmo éter confundiram o leito da ferrovia com o próprio leito e se viram cortados em três. E como trêz vezes três são nove e noves fora, nada, então foi isso que eles passaram a ser.E o menino arteiro que da sacada do sobrado se pendurou no fio de alta tensão para se balançar? Assustado também ficou o primo de meu pai quando tendo que vistoriar uma locomotiva elétrica acabou levando um choque daqueles, choque que acabou com a vida dele. Não foi o mesmo tipo de descarga que uniu dois membros de uma mesma família, um mexendo na antena, o outro na televisão, mas certamente teve o mesmo efeito. Assustada ficou a manicure, mãe independente de dois filhos, que saiu de casa para ir trabalhar e morreu na subida do morro. E quando subo o mesmo morro penso que posso morrer também, então louvo ao Senhor por ter filho nenhum. Assustada fiquei eu e ainda não me conformo, pois a minha amiga, observando a filha em um parque de diversão se aproximou demais do brinquedo que acabou batendo em sua cabeça e lançando-a ao chão.Está certo, você que leu minha crônica anterior deve estar pensando que o fato ali narrado me deixou zonza e só pensando nisso – como é difícil a gente saber o que nos vai acontecer um minuto depois de agora. E com toda essa certeza eu pergunto e se alguém puder me responda: Por que, meu Deus, perdemos tanto tempo na vida se o que existe de mais certo é que podemos perdê-la assim, em um piscar de olhos?