O CAPITÃO CAVERNA
Makinleymenino
Abril 2012
(Crônica)
Para muitos o capitão caverna é um super herói, o protetor da cidade. Ele voa, tem super-poderes, salva donzelas e prende os bandidos. Ou segundo opinião controversa é Alan Moore nascido em 1953 em uma cidadezinha vizinha da Inglaterra, ao lado do país de Gales. Imortalizado por uma canção da banda Rutles que dizem ser a inspiração dos Beatles e Rollings Stones. Devido a sua enorme barba negra dizem ter Ironicamente nascido do famoso Roger Moore e uma mulher barbada de algum circo de horrores.
Mas, para mim conheci ao vivo o autêntico capitão caverna, mais que o super herói barbudo, foi um daqueles encontros em que fica um precipício de lembranças na vida e que você nunca mais esquece quando vê um automóvel brasília amarela. Aconteceu no início dos anos 90 durante o translado de Belo Horizonte/MG para Rio das Ostras/RJ, eu e meu digníssimo irmão descíamos a serra de Petrópolis, quando nosso carro parou com um defeito bem próximo a uma curva extrema e perigosa.
Como levávamos uma bagagem complexa – equipamentos de mergulho – fiquei no veículo enquanto meu brother procurava socorro nas imediações de Petrópolis. As luzes do céu, logo se esvaíram tomando seu lugar a noite com suas cintilantes estrelas serenando o assustador ruído dos carros que me assombravam naquela curva acentuada arrastando as pedrinhas da pista para as sarjetas, se juntando àquelas calotas perdidas.
Logo, parou uma brasília amarela e saltou dela aquele ser esquisito barbudo, cabeludo com sotaque de brotão parecendo vir de algum outro planeta do conhecido sistema solar, se apresentando para mim como o capitão caverna. Meu irmão cochichou reservadamente nos ouvidos:
- Quando cheguei à cidade, após abordar vários taxis e perguntar se fariam uma corrida levando dois passageiros, 10 cilindros de mergulho, 4 sacolas grandes, 1 compressor, para um destino de 3 horas e aproximadamente uns 200 kilômetros...
Eu suspirei interrompendo e disse:
- E aí?
Ele tenso respondeu:
- Disseram-me que só um cara na cidade faria uma corrida destas... Um maluco, doido... O capitão caverna!
Mudos, carregamos o carro e fomos rumo ao nosso destino. Meu mano foi no carona e entregou a alma para Deus que no seu cansaço apagou-se em um profundo sono enquanto ia martirizando-me, assistindo aquele nó cego que falava sozinho e se recusava a baixar o farol alto do veículo, e como não enxergava claramente a faixa da pista que conduzia, trafegava no meio dela. Espavorido eu fiquei, ao pegarmos uma chuvinha de verão que borrava o pára-brisa a cada passagem dos limpadores, diminuindo assim o super-poder de visão do capitão caverna.
Pareceu uma eternidade chegar a nosso destino, com a graça de Deus chegamos inteiros. E nunca pude esquecer-me deste senhor sedento de aventuras e coragem que pegou sem ver dois passageiros desconhecidos com uma tralha como às dos ciganos que mudam com freqüência de um lugar a outro levando todos seus pertences, além da corrida para outra cidade, o desafio que ninguém quis encarar. Por tudo isso... O meu super-obrigado capitão caverna!
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