DA UTILIZAÇÃO DE TEXTOS ALHEIOS E SEUS PERIGOS...
 
 
     Com mais de cento e vinte mil acessos no Racanto das letras, o meu texto DIVERSIDADE CULTURAL, é resultado de uma avaliação que fiz na disciplina Filosofia Contemporânea I. Recebo muitos e-mails pedindo autorização para usá-lo em trabalhos acadêmicos ou publicá-lo em algum outro site. Pedindo que respeitem o direito autoral, sempre tenho autorizado.
 

     Outro dia, entretanto, recebi um comentário, seguido de e-mail, de alguém, que nunca havia me procurado, reclamando que havia tirado zero no trabalho por culpa minha, pois eu não sabia escrever e aquele texto era uma porcaria. Passado o susto, respondi dizendo que sentia muito pela nota, mas aconselhei-a a, da próxima vez, pedir autorização e ela mesma tentar fazer os seus trabalhos. Não recebi resposta.    
 

     Isso me fez pensar, mais uma vez, no quanto nos expomos ao escrever.  Os textos reproduzem nosso pensar e, mesmo desejando ser lido/entendido, corremos o risco de ver nossas palavras assumirem uma dimensão não imaginada. Escrevo por paixão, sem nenhuma pretensão que meus textos simbolizem um "monumento resistente à inclemência do tempo e das intempéries".Claro que sonhamos com a poesia atemporal, aquela que "se inscreverá no nervo do seu tempo fazendo uma viagem textual eterna", um poema de verdade, poema bom, que atravesse séculos e séculos sem perder seu tônus de beleza e verdade. Ainda não atingi a maturidade de escrever um texto que possa ser considerado arte, que perdure e se inscreva no tempo. Mesmo assim quem ler quer mais, muito mais. 

    Mesmo assim a dimensão conquistada por nossa escrita ultrapassa nosso “gosto”. Nunca sabemos quando estamos diante de um texto que “agradará” ao leitor. Muitas vezes até nos enganamos. Pois, não somos nós, sozinhos, que fazemos esta escolha, o leitor como um co-executante não obedece a nenhuma outra lei além da leitura e das sensações por ela causadas. As emoções, causada pelas palavras, se desenvolvem dentro dele por meio de um mecanismo que foge a nossa capacidade criativa.
 

      Portanto, cabe aqui, lembrar que muitas vezes a nossa escrita escapa ao nosso controle, foge do que, pretendíamos dizer. Somos pegos no contrapé, flagrados onde nunca imaginamos chegar. O leitor consegue colher no ar ou nas entrelinhas, pensamentos que não pensamos, palavras que não colocamos. É como se o texto estivesse sempre em outro lugar do pensamento, ligando o desejo àquilo que não se acha à mão. Assim como o poeta/escritor, também o leitor se insere na ambiguidade que se constitui característica intrínseca, inalienável da poesia. Li em algum lugar e concordo: “Vão-se os papéis, ficam os textos." 
 

         E, mesmo correndo o risco de ser pega de surpresa e ver meus textos sendo usado sem autorização e sem os devidos créditos, quero continuar escrevendo, aprendendo, tentando, rabiscando, errando, acertando, até encontrar o texto/poema que me fará escritora/poeta. Quem gosta de escrever deve estar pronto para enfrentar os "contrapés do ofício". Guardo comigo o sonho de escrever O TEXTO. Enquanto isso não acontece vou aprendendo com os mestres e dando vazão aos pensamentos, inquietações, desejos, etc.


N.A.: Pergunta que não quer calar: Será que o zero da aluna indignada foi por que a professora identificou o plágio ou o meu texto era eralmente muito ruim?

Este texto faz parte do Exercício Criativo - No Contrapé Saiba mais, conheça os outros textos: http://encantodasletras.50webs.com/nocontrape.htm
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 23/04/2012
Reeditado em 12/08/2020
Código do texto: T3628485
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