ALGUNS DE NOSSOS ÍDOLOS SE PERDERAM
 
“Mas louco é quem me diz que não é feliz, não é feliz”
 
Música do “Mutante” Arnaldo Baptista que pouco tempo depois, e após muitos internamentos psiquiátricos*, tentou se matar. Isto mostra que, muitas vezes, entre o que falamos e o que realmente sentimos tem muito espaço vazio.


*(Muitos usuários de drogas como ocorreu com  escritor do livro/filme "O Bicho de Sete Cabeças"  eram internados pelos seus familiares em tais espaços insalubres)
 
“Louco é quem não é feliz” era uma tomada de posição, pois caracterizava os ‘malucos’ contra os ‘caretas’, os mais retrógados e conservadores perante todas as quebras de paradigmas que aocnteciam naquele período, pois ficavam bloqueados, imobilizados, ante as tantas mudanças daquela época efervecente
 
Os ‘malucos’ era um viés de independência contra a sociedade da época, curtidores do rock que explodia, dos festivais, só que alguns eram turbinados pela novidade que surgiu junto, que eram as drogas, mas que no período, a maioria, ao contrário de hoje em dia, saiu-se bem.
 
Elas não eram tão pesadas e nem dava para imaginar o flagelo que se formou hoje.
 
Eu me aventuraria em dizer que este flagelo se formou quando caretas começaram a usá-la e, quando isto aconteceu, os verdadeiros malucos já estavam longe do uso delas.
 
Tive muitos amigos naquele período, muito poucos se perderam, mas a maioria saiu.
 
Tem sempre uma parte da sociedade que entra atrasada no processo e aí só faz caca.
 
Dá para lembrar como os cabeludos eram tidos como diferentes e a serem mantidos longe das “boas famílias”, freqüentadoras da conservadora igreja e para onde íamos ver as “santas saídas”.
 
Tempos depois, quando cabelo cumprido já não significava alguma coisa, os caretas os deixaram crescer, mas antes, se pudessem, caiam de pau em cima.
 
A maioria era adolescente e saíram da droga como entraram quando a idade avançou.
 
Cortaram os cabelos e foram estudar, trabalhar e se readaptaram na sociedade, mas os que não souberam fazer esta travessia, principalmente alguns ídolos nossos como....
 
...Raul Seixas, “o nosso ‘maluco beleza’, que, infelizmente,  terminou os seus dias amargurado e alcoólatra.
 
Para tudo há um tempo, pois cedo ou tarde temos que saber nos adaptar novamente ao mundo que nos envolve, na nova idade mais madura em que entramos e trazendo para o novo as mudanças com a influência das novas idéias.
 
E quem assim não fizer será atropelado e depois do trem passar se levantar vai ser muito mais difícil.
 
Outro ídolo da época que não soube fazer esta travessia foi o Tim Maia, que caindo pelas beiradas, fazendo ainda apologia às drogas nos seus shows, não soube ter dado a volta por cima, ou de parar na hora certa, e terminou com quase todas as portas fechadas para ele.
 
O mundo, num conceito mais amplo, pois não as pessoas, te recebe de mãos abertas quando você volta na hora certa. Não dá é para viver eternamente na irresponsabilidade adolescente.
 
Esta época passa e alguns dos nossos ídolos se perderam, pois não souberam sair dela.
 
Há muito tempo “maluco ou careta” não está mais associado ao uso de droga, muito pelo contrário.
 
Está na postura, na maneira como se dá na relação com o próximo, na amizade que é mais sincera, sem egoísmos.
No bom humor, no desapego, embora saiba curti-lo de forma mais prazerosa, do lado material.
 
As relações são pautadas pela simpatia e não ditada pelo poder financeiro de cada um. São mais livres das amarras sociais. Param para bater papo com os porteiros, mesmo morando na cobertura.
 
Os caretas continuam fazendo muito mal ao mundo, pois não sabem conviver prazerosamente com o próximo. São egoístas e preconceituosos, por isso não amigos, pois não sabem dividir e estão sempre competindo.
 
As suas insignificâncias não permitem que possam ser de outra forma.

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"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo' Roselis von Sass – www.graal.org.br