A JUSTIÇA É JUSTA?

Vivi grande parte da minha vida convicta de que a Justiça, como o próprio nome diz, carregava consigo a bandeira da imparcialidade. Aprendi, desde criança, a olhá-la com respeito e temor. Afinal ela foi instituída para julgar, para decidir, para fazer valer as leis. E uma instituição com esse peso todo tem que ser justa. Portanto, dos órgãos que a representam, pressupõe-se imparcialidade. Se assim não for, não é Justiça.

Acompanhando os fatos que os meios de comunicação escancaram pelo Brasil afora, minhas convicções balançaram. Uma vaga impressão que a Justiça não era rua de mão única persistia em mim. Comecei a vislumbrar dois caminhos paralelos: o de lá e o de cá. E vi, com tristeza, que eu estava do lado de cá. E assim como eu, 99% da população brasileira.

Desiludida, eu me pergunto: onde foram parar os valores que formaram meu caráter? Onde o "todos os homens são iguais perante a lei" que eu aprendi na Escola? Se na prática eu via os descalabros da política brasileira, como continuar a crer que nós, simples mortais, somos iguais aos nossos parlamentares? Se um cidadão comum que rouba premido pelas necessidades orgânicas vai preso e um político se perpetua no cargo, carregando uma história de corrupção? Existem duas faces nessa moeda e eu confesso que minhas convicções foram por terra. Cética e indignada, eu acompanho hoje as fissuras que, a exemplo de uma casa repleta de cupins, estão a abalar as estruturas do único órgão que eu pensava ser ainda o baluarte dos princípios que nortearam a Revolução Francesa.

Então eu pergunto: E agora, José? Queixar-se para quem? Só espero que não mandem eu queixar-me para o Bispo...

Giustina
Enviado por Giustina em 30/04/2012
Reeditado em 13/08/2014
Código do texto: T3642412
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.