Se conselho fosse bom...

Certa vez, fizemos uma brincadeira entre amigas e construímos uma longa conversa, apenas usando os famosos ditos populares e provérbios. Há ditados para tudo e para todos os gostos. A sabedoria popular é comprovada. Mas, bem diz um desses ditos populares, que “O sábio é sábio, por velho, não obrigatoriamente por inteligente”.

Indo por aí afora, lembrei-me da mania generalizada que temos de dar conselhos. Somos pródigos em fazê-lo. A quem queira e a quem não, também. Analiso, de vez em quando, certos conselhos que nos dão, sem fundamento na nossa realidade, sem tentarem saber mais a nosso respeito, às causas de nossas queixas e que podem causar grandes distúrbios, não só a nós, como às pessoas que acabam se vendo envolvidas nas nossas atitudes, conseqüentes ao conselho inconseqüentemente seguido.

O conselheiro reflete sobre as possíveis conseqüências? Seguiria cegamente o conselho que acaba de dar? Gostaria de ser a pessoa a quem o conselho dado seja aplicado? Por exemplo, dizendo ao consulente que extravase sua raiva, no ato, sem refletir, gostaria de ser a primeira vítima? Quem dá conselhos, espera ficar fora do âmbito de ação daquele que os recebeu. Quer estar longe e não ter responsabilidade sobre o quê possa advir da sua aplicação.

Nossas queixas geralmente têm origem em comportamentos, posturas, relacionamentos. Ora, se nos relacionamos, há mais pessoas envolvidas na razão de nossos queixumes. Se assim é, a outra parte também deve ser ouvida, para que haja uma isenção de ânimos, para que o queixoso não seja visto como vítima inocente.

Seguir conselhos é uma tentativa de nos isentarmos de culpa. Apenas damos vazão ao que desejávamos fazer, mas escorados em algo que nos foi dito, geralmente por pessoas que não têm a menor competência para agirem como terapeutas.

Por essas e outras, que concordo com o ditado que diz “Se conselho fosse bom, a gente vendia”.

31/01/2007