A Fantasma

Ela nos ronda desde que chegamos aos quarenta, quarenta e poucos. Um temido fantasma – ou melhor, ‘uma’ fantasma, sexo feminino. Cabelos compridos e muito brancos, blusa de alcinha, rosto enrugado; às vezes magra com pelancas caindo, outras vezes bastante rechonchuda e cheia de celulite... Mas nunca alegre. Pode ser por aí?

No começo, as amigas nos metem medo: as mais velhas comentam, como se narrando um filme de terror classe C, sobre sua aparição repentina à noite, especificamente para nos tirar o sono... E aquelas amigas não tão amigas vão além: dizem que ela nos dá calores repentinos, tiram nosso apetite sexual para nos aumentar o apetite estomacal, fazendo com que nossas coxas mostrem um relevo antes oculto e nossa cintura, saliências nunca dantes reveladas!

Convivemos com essa temida aparição por anos, até que um dia, por volta dos 50, pouco mais ou menos, nós a encontramos face a face. Mas não é assim repentino como narram as terroristas: ela vai se achegando aos poucos e de uma forma tão natural que acabamos ficando amigas. Um calorzinho aqui, outro ali... mas há uma recompensa: finalmente, não sangramos mais!!!

Hoje em dia, a temida fantasma já não nos assusta. Exorcizada com a alimentação saudável, o exercício físico, hidratação adequada, bom humor e criatividade para adubar a libido - e, na mais extrema situação, a reposição hormonal - essa alma penada virou pouco mais que uma vizinha chata: convivemos com ela, sabemos que ela está lá, mas na imensa maioria das vezes ela não nos incomoda. Ao menos, não muito...

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Este texto faz parte do Exercício Criativo "Fantasma"

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