As inesquecíveis barraquinhas

A Praça da Matriz do Divino Espírito Santo, que já foi Largo da Matriz, que hoje é simultaneamente Praça da Catedral e Praça Dom Cristiano, servia de palco para grandes festas, no mês de maio. A paróquia comemorava também, nesse espaço público, com muita fé e alegria, o mês do Padroeiro. Às 19 horas, havia a Santa Missa e, logo em seguida, as pessoas se esbaldavam nas famosas barraquinhas que, durante muitos anos, construíram uma tradição.

A cada ano, havia um motivo diferente. Na verdade, duas barraquinhas temáticas ocupavam o largo, mais identificado com uma gestão paroquial do que com a administração pública. E cada uma queria superar a outra em beleza, criatividade e, resultado disso, movimento financeiro. A barraquinha que talvez mais tenha marcado época chamava-se “Cisne Branco”. Construiu-se um enorme navio, bem iluminado e enfeitado — o “Cisne Branco”. As garçonetes caracterizaram-se de marinheiras, com todos os detalhes do figurino bem cuidados. Muito empolgadas, desfilavam no palco, quando tocava o belo hino da Marinha de Guerra do Brasil, “Cisne Branco”, sinal de que a festa estava começando. Cerveja, refrigerante, frango assado e batata frita garantiam a alegria da população que disputava uma passagem pela organizada e vistosa barraquinha.

Havia números musicais, leilão e pescaria, no programa de atrações.

A barraca mais procurada pela criançada era a do coelhinho, montada assim: várias casinhas numeradas dispostas em círculo. No meio, havia uma casa onde ficava o coelhinho. As pessoas compravam o bilhete com o número de uma casinha. Com todos os números vendidos, rodava-se a casa do coelhinho e, em seguida, soltava-se o animalzinho. Este, meio tonto, procurava onde se esconder. E ganhava o prêmio o dono do bilhete da casinha escolhida para esconderijo. Eram simples as prendas, mas valiam o entretenimento e a alegria da meninada.

O brilho das festas em espaços públicos não se repete. Pessoas alegres de alegria, sem a tensão física que a violência urbana proporciona hoje. O pleno sentido de encontro, de reunião, também não se repete. Somente uma observação de quem vive emocionada o tempo presente e sorve o passado como um licor, sem se embebedar de nostalgia.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 16/05/2012
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