Perdi o conto

Enquanto levava meu filho para a escolinha, surgiu-me uma idéia para um conto, e lá fiquei a fantasiar enquanto dirigia. Nenhum papel ou caneta para anotar a idéia, mas fiz uma força extra-comunal para manter o enredo na cabeça.

Deixei meu filho lá, preocupada que a história me fugisse e continuei dando corda para as idéias que surgiam assim, do nada!

Aconteceu que num cruzamento, eu estava na preferência da passagem e uma pick-up da volkswagen velha que doía e cheia de tralhas na carroceria atravessa desesperadamente em minha frente, quase batendo, freei em tempo de não acontecer nada pior. Mentalmente disse tanto do impropério, tanto do nome feio, e pensei rapidamente em quantas barbaridades estamos expostos, pelo simples fato de sairmos de casa. Segui atrás dele um tempão, ele me cuidava pelo espelho retrovisor e eu fiquei com cara de nada, pois vai que o motorista tem algum pé na psicopatia homicida e tem alguma reação inesperada?

A minha vontade era dizer com a boca para que ele lesse meus lábios: "barbeirão, me caguei toda". Mas não fiz nada, nadica de nada!

Depois de algumas ruas nos separamos e cheguei em meu destino - sã e salva - para fazer alguma coisa importante que não lembrava o que.

Até agora estou tentando me lembrar da idéia, mesmo que ínfima, um ticozinho bem pequenininho daquele conto que estava borbulhando na minha cabeça e ele simplesmente se foi!

Se foi! Sem me dizer adeus!

Perdi o conto.

Michele CM
Enviado por Michele CM em 25/05/2012
Código do texto: T3687655
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