A CALCINHA

Dias atrás, quando era votado o projeto que tipifica crimes cibernéticos, um volumoso e bundudo deputado, passou às pressas pela entrada reservada aos parlamentares, próxima à mesa diretora, e, ao mexer no bolso, deixou uma calcinha cair no chão.

A cena foi presenciada por seguranças do plenário, que medem as palavras para falar do assunto e não querem se identificar. Segundo um deles, o dono da peça não percebeu que a havia perdido. “Ele entrou atrás de um grupo de quatro deputados e nem olhou para trás”, relata. “Quando eu vi, disfarçadamente chutei a calcinha para o lado”. Outro segurança chegou a fotografar o objeto, mas não quis divulgar a imagem. Um terceiro, bastante precavido, conta ter pegado a calcinha e ameaçado jogá-la no lixo. Contudo, revela ter pensado melhor e achou que alguém poderia pedi-la de volta, então a deixou atrás da lixeira, avisando que, se ninguém aparecesse, era para ser jogada fora. A calçola era grande, tamanho G, nas cores vermelha e branca, com babadinhos nas laterais.

Avisado pelos seguranças, um assessor do presidente Marco Maia recolheu a calcinha e a escondeu no bolso. A partir daí, a peça íntima foi examinada por assessores, jornalistas e seguranças à exaustão. A única conclusão: a peça foi usada antes e não pertence a uma sílfide, uma vez que, marcada pela letra “G” de grande, certamente era usada por uma pessoa ancuda. Daí, todo o deputado de ancas largas passou a ser suspeitos de ser o usuário da peça íntima, assim era olhado pelos pares com deboche e comentários maldosos sobre a sua masculinidade. Qualquer gesto melindroso ao falar já era tido como “sintoma” de “bichice”. Assim que um gordo ou bundudo passava a pergunta era inevitável: “Será este a boneca?

Bastava um bundudinho parlamentar entrar no sanitário para um “pipizinho básico” que a turma do patrulhamento entrava junto e se postava em estratégica posição para ver se conseguia enxergar a vestimenta de baixo do deputado.

O assunto ficou em segredo por alguns dias até que parlamentares descobriram tudo. Alguns até viram e cheiraram a calçola. Muito curioso o deputado Tiririca examinou com precisão a peça íntima, cheirou e fez uma cara de agrado, e a segurando com as pontinhas dos dedos disse com conhecimento de causa: - Uma calcinha linda, maravilhosa. Os colegas me chamaram para ver a danada da calcinha e eu aprovei. Uma calcinha cheirosa, o que é muito difícil nos dias de hoje nessas mudanças de clima, uns dias quentes, uns dias frios, a pessoa que estava usando suava… - e sem terminar a explanação deu uma sonora gargalhada.

Sem saber o que fazer com o achado, a calcinha foi recolhida “aos achados e perdidos” da Segurança da Câmara e, depois, queimada. O duvidoso e bundudo deputado que usa calcinhas, continua a desfilar pelos corredores da Casa e permanece enrustido.

Pois é!

Há pouco tempo, uma espécie de timbú – alguns dizem ser um gabiru, ou ratazana, a depender das características idiomáticas de cada região do país – levou pânico ao Senado e principalmente as servidoras que, ao deixar determinados gabinetes para tomar ar nos jardins externos, em corredores contíguos, depararam com a “ameaça”. Segundo servidores da Casa, o bicho mora ali há décadas, em uma indicação de não estar só, e não é capaz de fazer mal àqueles que tanto o temem; muito pelo contrário, praticam a política da boa vizinhança e estão integrados ao contexto regimental, ou seja; a divisão do butim. Nada mais justo!

No mês de fevereiro outro lamentável episódio voltou a ocorrer na mesma casa quando uma servidora foi vítima de uma mordida no pé causada por uma ratazana.

Estranhos bichos moram na casa presidida por Sarney. Esses roedores dividem o senado com tipos do naipe de Renan Calheiros, Jarbas Barbalho, execrado senador Demóstenes e outros cuja torpeza exala a distância. Uma concorrência inglória e desleal com os ratos. Será o Senado o habitat natural deles?