Feche os olhos e estenda as mãos!





 
Por vezes, lembro-me de quando meus pais ou meus tios diziam: "Feche os olhos e estenda as mãos!". Significava sempre o presságio de uma surpresa agradável. Não tinha a menor ideia do que viria cair em minhas mãos. Mesmo assim eu as estirava no momento em que fechava os olhos. Jamais insurgiu a imagem de que não estivessem falando sério ou de que eu poderia me machucar. Sentia uma confiança absoluta! Aliás, para esse tipo de coisa não dá para estabelecer medidas. Ou se confia ou não se confia! Hoje, me deparo com tanta fragilidade de valores, que instintivamente  corro atrás  dos gestos simples que alicerçaram minha vida. Acredito que receber a confiança de alguém, é de certa forma, uma valorização ainda maior do que ser amado. Trata-se de uma escolha que traspassa o coração e a razão. Uma rica trama, que envolve um cuidado especial no tecer dos fios. Confiar – um fiar a dois, uma trama, em que tanto um quanto o outro pode sempre, de olhos cerrados, estender as mãos. 






 
heleida nobrega
Enviado por heleida nobrega em 05/06/2012
Reeditado em 21/06/2012
Código do texto: T3708024
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