Queria ser sogra

Divagações

Essa palavra é muito vilipendiada, virou chacota, motivo de anedotas. Segundo o Aurélio, “sogra é a mãe do marido em relação à mulher ou mãe da mulher em relação ao marido”.Achei até que acharia sinônimos mirabolantes. Eu me incluo no primeiro caso.

No intuito de preparar-me para nova função, fiz reciclagem doméstica, li livros de auto ajuda, para saber conquistar minhas noras, e não entrar naquela lista das mal amadas.

Não adianta enganar-se, na esperança de fazer parte da nova família, ser acolhida. Você, mãe do homem, vai ser sempre olhada como invasora. É terreno minado.

É preciso ficar calada e mesmo assim está errada. Palpite, nem pensar. Então me recolho. Amo minhas duas noras porque ambas amam as mesmas pessoas que eu. Elas fazem de tudo (pelo que percebo) para viverem bem. Reconheço que eu tenho Know how por ter convivido com os maridos delas,por mais tempo. Gostaria de ser cúmplice delas. Ensinar-lhes todos os macetes de como lidar com as “figuras”. Mas, não posso invadir. Ninguém me pediu ajuda. Só quero que dê certo. Não gostaria de ter meus filhos de volta para casa, infelizes. Quero que eles construam suas vidas, com as mulheres que escolheram. E que vivam uma vida plena e duradora, com muito amor.

Fiquei observando o outro tipo de sogra. Aquela que existe por ser a mãe da moça. Ela é mais presente. Prefiro pensar que ela sim é a inspiração das anedotas e piadas maldosas. E sinto até uma pontinha de satisfação por não estar incluída nas famosas canções do Dicró. Os filhos, aqueles meus filhos a quem me referi, dão muito mais atenção às suas sogras, passeios, presentes. Dia das mães, festas, natal, páscoa, férias também. Afinal de contas devem acompanhar a esposa. A família que ele tem agora, a mais próxima, é aquela que lhe deu a sua amada. E a esposa é muito mais importante, no momento, do que a figura da mãe. Cada coisa a seu tempo. E não adianta questionar. O importante é entender e aceitar.

Foi um trabalho árduo, longo e paciencioso, para transformar um garoto em homem de bem, de caráter, apto a formar a sua própria família. Mas valeu a pena! Tarefa cumprida!

Já na festa de casamento, recebi o recado subliminar mas inquestionável, de como seria dali por diante, mas não quis reconhecer. Na véspera da cerimônia, a família da noiva recepcionou os convidados que já haviam chegado à cidade, muitos estrangeiros e outros de diversos estados, em um restaurante preparado e fechado para tal fim. Muitos deles eram colegas de meu filho. Trouxeram suas famílias. O ambiente era festivo e acolhedor. Só fiquei sabendo dessa recepção e pude usufruir desse convívio, por simples acaso. Alguém, dentre os convidados, indagou sobre os pais do noivo. Então fomos finalmente requisitados. Alguém notou a nossa ausência.

Não estou cobrando nada, estou constatando um fato. As mães das meninas têm mais chance de conviver com as filhas durante a sua vida de casadas. Elas podem ser úteis e plenamente eficazes na convivência com o casal. Elas têm mais intimidade. É compreensível.

As minhas noras são lindas, educadas, cultas. Não cobram nada, não pedem nada, por mais que eu me ofereça para ajudá-las. Querem ter seu espaço, e concordo. Eu também não gostaria de intromissão em minha vida . Vivendo e aprendendo. Tentar encontrar um lugar ao sol em que sejamos felizes, úteis e sem forçar a presença é um objetivo que temos que alcançar. Nós seremos requisitados desde que a nossa presença seja agradável. Ninguém quer ao seu lado alguém queixosa, que cobre ou que queira que as coisas sejam como ela acredita que deva ser. Muitas vezes o que temos certeza que está certo, é justamente o que não está. Ninguém é dono da verdade e que cada um encontre o seu ajuste.

Gosto de gente, de dar e receber carinho, da presença esporádica mas verdadeira das pessoas que amo , sem forçar nada, mas também sem me violentar para me adaptar às novas situações. Tudo na medida certa. O equilíbrio é o que se procura.

Para não me sentir sozinha, não me satisfaria adotar um animalzinho, um cachorro ou um gato. Esta é uma prática muito comum hoje em dia. Humanizar o animal. Tenho pena do bicho. Prefiro olhar as estrelas, pois como diria a minha irmã fazendo uma analogia do azul com a felicidade...“E quando a noite me rouba por muito tempo o azul eu sei amar e me confundir com as estrelas”.

EStefania

estefania
Enviado por estefania em 10/06/2012
Reeditado em 11/06/2012
Código do texto: T3716132