Luva de Pelica

Algumas pessoas me perguntam de onde tenho tirado tanta criatividade para escrever minhas crônicas. Não preciso ir muito longe. Basta olhar para o lado, ouvir uma música, assistir televisão... Por falar nessa última, o assunto desta crônica vem de um comercial de tv que assisti um dia desses. Precisamente de um comercial de perfume, não me lembro da marca do perfume (mentira, eu até lembro, mas não vou dar crédito a eles).

Bem... Tudo começava quando a garota recebia um SMS enviado pelo seu ex-namorado, o qual a convidava para um jantar seguido de uma conversa.

Então ela vai se aprontar, ficar cheirosa (realmente não tinha como não ficar cheirosa, a linha da perfumaria é perfeita), ficar irresistível para aquele que a deixou um dia.

Chegando ao restaurante ele (o desgraçado) simplesmente olha dentro dos olhos dela e pede pra voltar à relação. O melhor está na resposta dela, com um simples: NÃO, EU NÃO QUERO!

Achei foi pouco pra ele... Como assim quer voltar para a relação novamente?

Existem pessoas que pensam em seu micro raciocínio que são donos de outras. Acham que podem sair para comprar um cigarro e voltar quando bem quiserem.

Eu mesmo tenho uma amiga que fazia das relações que ela criava esse tipo de situação. No melhor momento em que ela dizia estar com o até então amado da vez, se apaixonava radicalmente por outro ao ponto de deixar a relação atual e partir para uma aventura em série. No final acabava se arrependendo e querendo voltar.

Está mais que na hora das pessoas pararem de se acharem superiores as outras, acharem que podem ir e vir, entrar e sair de relações como se fossem meros turistas de ilhas paradisíacas. Desculpem tá! Estamos falando e tratando com corações. Com sentimentos. Eles merecem por dignidade serem tratados com total apreço.

É incrível como esses seres que se acham ‘os tais’ tem uma facilidade de deixar a porta da ‘vida a dois’ aberta enquanto saem em direção ao novo, ao inusitado, te deixando no chão com todos os sonhos, planos e possibilidades construídas durante a vida útil de relacionamento que tiveram. O melhor é a cara lavada que alguns têm de voltar e bater na sua porta novamente como se nada tivesse acontecido, te chamando pra ‘curti’ de novo.

Fala sério né?! Por isso (voltando ao comercial) era tão plausível aquele comercial. Foi como lavar a alma de todos que passaram por uma situação parecida a da personagem.

A ironia de se arrumar, se mostrar bem, mostrar que estava recuperada e quem sabe muito mais bonita do que quando deixada para trás foi uma tapa com luva de pelica naquele otário que não soube valorizar (por qualquer que seja o motivo) o grande mulherão que tinha nas mãos.

Uma coisa é certa e isso todos devem saber: quem não dá assistência uma hora ou outra perde pra concorrência.