UM NOVO AMOR

Como dar outra chance para o amor acontecer e construir uma nova relação.

Por Maria Helena Matarazzo*

No amor, é fácil nos enganarmos com as pessoas e com os inúmeros mitos existentes sobre o assunto. Os desencontros são inevitáveis e provocam mini-mortes em nosso coração. Mas é necessário recomeçar sempre, sem precipitações. Nessa área, não existem soluções milagrosas. Basta dar chance de o amor acontecer e, a partir daí, construí-lo passo a passo.

O mundo está repleto de pessoas que tentam enganar você de propósito, fazendo-o acreditar que são o que não são. Muitas vezes, disfarçam bem a situação com camuflagens: homens que nunca usam aliança, ou mulheres que produzem uma cortina de fumaça, inventando partes de sua história. Nessas condições, fica difícil decifrar o sinal: "Amor à vista" ou " Perigo à vista"?

Os mitos românticos podem feri-lo. Alguns deles o fazem acreditar que você não tem controle sobre sua vida amorosa, mas isso não é verdade. Sua vida social e afetiva não é estabelecida pelo destino, você a determina.

Às vezes, você está num clima de diversão aventureira, quer surfar nas emoções para se sentir vivo. Existem encontros que podem deixá-lo intrigado, deliciado ou chocado. Nessas ocasiões, você dá valor ao provisório, não ao definitivo. Também as pessoas tentam adequar sua imagem, suas "falas", ao que o outro deseja. Isso não passa de tentativa um pouco mais calculada e menos intuitiva de conquistar, de seduzir, influenciada pelas idéias do marketing moderno.

Em um mundo assim, como escolher? Como diferenciar pessoas que são realmente o que parecem ser de outras que são uma imagem retirada do real, inventada com base nos meios de comunicação de massa? As mulheres adoram romance e isso as faz se produzirem para se sentir mais atraentes. Cuidado para não viver um clichê, porque não se pode fabricar uma sensação. Para ser verdadeira, ela deve surgir naturalmente –não pode ser fingimento nem encenação, senão vira uma imitação forçada da vida que, como sabemos por experiência própria, leva logo à desilusão.

Cada encontro é diferente. Só que as pessoas descomprometidas estão cansadas de representar. Conquista sem desejo é uma farsa. Só ficam o alô e o tchau no meio, as falas de sempre.

Quando você se aproxima de um (a) estranho (a), ele (a) experimenta uma série de sentimentos, desde a atração até o medo. Sentir tudo isso ao mesmo tempo leva a pessoa a ter a impressão de estar fora de seu equilíbrio. Uma maneira para o outro é dando-he o poder de decidir o que vai acontecer depois. Dentro do espírito do "novo romance", não se flerta só para obter algo de alguém. Flerta-se, sobretudo, para dar algo a alguém. Ao flertar com sinceridade, você ergue pontes em vez de paredes. O flerte é um presente que você tem o poder de dar.

Por outro lado, os desencontros são inevitáveis. Flertes mal-sucedidos, uma maré de azar e até golpes duros –como quando alguém passa a mão em seu talão de cheques –podem ir entupindo suas artérias emocionais e provocando infartos silenciosos: minimortes em partes do coração. Muitos homens vão decepcioná-la, e só uma minoria entregará o que prometeu. Grande número de mulheres não passa de fantasia, que pode arrebatar numa relação com muita adrenalina e nenhuma substância. Às vezes, parece que os encontros escorregam entre os dedos. O surpreendente é que o coração humano tem incrível poder de recuperação. Não se esqueça, porém, de que quem escolhe é você, ou, mais precisamente, seu grau de maturidade e consciência. Pessoas imaturas e oportunistas acabam se envolvendo com propostas de relacionamento tão imaturas e oportunistas quanto elas. É você que se deixa iludir ou não.

Quando se trata de amor, é comum pensar-se em soluções milagrosas, em vez de primeiros passos. Se as grandes soluções não funcionam na primeira tentativa, quer-se logo desistir, voltar a não fazer nada, ou precipitar-se em outra tentativa. É preciso fazer com que o começo volte a ser um começo de verdade, em vez de última chance. A idéia é a seguinte: "Se o outro partir com o tempo, alguém virá". E não: "Tive a sorte de encontrar alguém, e agora?". É preciso ter a convicção de que, cedo ou tarde, isso vai acontecer de novo. A vida ensina que, embora existam sentimentos mágicos, como a compaixão, amor não é mágica e não acontece num passe de mágica.

*Maria Helena Matarazzo é sexóloga e autora de, entre outros, "Coragem para Amar", da Editora Record.

Maria Helena Matarazzo
Enviado por Clara da Costa em 13/06/2012
Código do texto: T3721187