No processo

Conversando com um amigo meu que não vejo há algum tempo, neste sábado. Tive um momento longo (na verdade 10 segundos) de interpretação de texto. Entre tantas perguntas, perguntei-o se ele estava namorando, e sua resposta foi: No processo!

Dei duas gargalhadas e continuamos a conversa. Ao terminar de conversar com ele, percebi que aquela palavra não saía de minha cabeça e eu que nem estava na ideia do processo tive que analisar os ‘processos gerenciais’ que envolve a questão.

Independentemente de qualquer experiência ruim que tivemos no passado, sempre vamos sentir falta de um carinho sem motivo, de um ‘cheiro no cangote’ (como dizemos no Nordeste), de perder as tardes conversando besteiras, de marcarmos um jantar especial regado de um bom vinho, de um namoro.

A falta do tão sonhado namoro é comum entre todos. Ninguém quer passar os finais de semana apenas com amigos, até porque esses amigos têm namorados. Garanto que você não se sente bem ao se ver no grupo que o único castiçal sobre a mesa é você.

Então resolvemos nos demitir da função de amigo castiçal e partimos para a busca. Conhecemos pessoas, vemos se nosso horóscopo combina com o dela, observamos seus defeitos, vemos se eles são suportáveis nos dias de nosso mal humor, colocamos músicas de nossos gostos para perceber o gosto delas sobre nossas pérolas musicais. Enfim vamos nos conhecendo. Processando essa relação, que até então nenhum dos dois denominou namoro.

Bom é quando dá certo. Dizemos com muito gosto a todos os nossos amigos que estamos namorando e que eles podem correr atrás de outro castiçal. Ficamos bestas, rindo à toa, cantamos Alcione, Ana Carolina, Kid Abelha, até Roberto Carlos acaba caindo na nossa ‘play list’ (claro que é proibido algum amigo nosso ficar sabendo disso).

Quando não dá certo, fechamos nosso bico, colocamos “aquele ao vivo da MARROM”. No muito contamos a dois grandes amigos, postamos duas frases de alguma música na rede social e dizemos que não queremos namorar nunca mais.

Que mentira! Como podemos tentar enganar a nós mesmos? Que feio!

Depois de um tempo estamos nós lá em busca novamente. No processo.

É isso que nos faz viver bem com alegria, com motivos para sorrir, chorar, perder as esperanças, recuperá-las e tal. Toda experiência pode ser bem vinda desde que não deixemos de analisar os processos da forma mais cabível para nosso objetivo principal: ser feliz!