Recordando  Sergio Porto



                          A diplomacia brasileira vem, precipitadamente, procurando aparecer no cenário mundial. É até natural, o Brasil, pela sua própria natureza de grande país, surgir como grande potência. Acontece que no tabuleiro político internacional não há lugar para ingênuos, nem amadores. Os interesses e 'jogadas' entre os países é muito pior que entre indivíduos e o jogo é e sempre foi bem 'sujo'. Por isso, não resisti em publicar aqui uma crônica visionária do grande Sergio Porto. Crônica de 50 anos e retirada do meu baú!. Parece se encaixar como uma luva para nós brasileiros e para o momento da diplomacia brasileira.  Aí vai a crônica e mais uma homenagem ao Sergio Porto, para a nossa alegria.





                                        Vamos Acabar Com Esta Folga
                                                                                         Sergio Porto (Estanislaw Ponte Preta)

                               O negócio aconteceu num café. Tinha uma porção de sujeitos, sentados nesse café, tomando umas e outras. Havia brasileiros, portugueses, franceses, argelinos, alemães, o diabo.
                               De repente, um alemão forte pra cachorro levantou-se e gritou que não via homem pra ele ali dentro. Houve a surpresa inicial, motivada pela provocação e logo um turco, tão forte como o alemão, levantou-se de lá e perguntou:
                              - Isso é comigo?
                             - Pode ser com você também  respondeu o alemão.
                           Aí então o turco avançou para o alemão e levou uma traulitada tão segura que caiu no chão. Vai daí o alemão repetiu que não havia homem ali dentro para ele. Queimou-se então um português que era maior ainda que o turco. Queimou-se e não conversou. Partiu para cima do alemão e não teve outra sorte. Levou um murro debaixo dos queixos e caiu sem sentidos.
                           O alemão limpou as mãos, deu mais um gole no chope e fez ver aos presentes que o que dizia era certo. Não havia homem para ele ali naquele café. Levantou-se então um inglês troncudo pra cachorro e também entrou bem. E depois do inglês foi a vez de um francês, depois de um norueguês etc. etc. Até que, lá do canto do café levantou-se um brasileiro magrinho, cheio de picardia para perguntar, como os outros: - Isso é comigo?
                           O alemão voltou a dizer que podia ser. Então o brasileiro deu um sorriso cheio de bossa e veio vindo gingando assim pro lado do alemão. Parou perto, balançou o corpo e ...  pimba! O alemão deu-lhe uma porrada na cabeça com tanta força que quase desmonta o brasileiro.
                           Como, minha senhora? Qual é o fim da história? Pois a história termina aí, madame. Termina aí que é pros brasileiros perderem essa mania de pisar macio e pensar que são mais malandros do que os outros.




 
 
 
 
Nota:  Esta crônica, publicada em maio de 2010, em homenagem ao grande Sergio Porto, carioca típico, de saudosa memória, tendo morrido muito cedo, com apenas 45 anos, foi lida por apenas cinco amigos aqui do Recanto. Gosto muito de reler Sergio Porto, porque era muito bom!