Dois matutos em apuros

Os irmãos José e Messias sempre andavam grudados. Nascidos nos anos quarenta em uma cidadezinha do interior do Ceara, e de tão pobres, e sem vergonha atuavam de pedintes à saqueadores. Por andarem sempre juntos e sempre trajando calça e blusa de cor caqui(acredito que as únicas peças de roupas que tinham) logo foram apelidados de polícia.Isso por que naquela época a farda da polícia era de cor caqui,ou seja a mesma cor da roupa dos irmãos. Mas o grande problema é que quando alguém se atrevia a chamá-los por esse apelido estava pondo em risco a sua própria vida, por que além de palavrões, caretas, línguas e ameaças vinha também uma chuva de pedras, que a quatro mãos parecia uma rajada de metralhadora. Certa vez a dupla fardada, e diga-se de passagem, fora da lei, resolveu atacar o pomar de uma senhora muito brava e esperta. Cansada de ter prejuízos com os assaltos praticados pela dupla a velha brava preparou uma surpresa bem interessante: Conseguiu dois cães ferozes e numa emboscada expulsou os dois malacas do seu pomar que fugiram como o diabo foge da cruz ,e dessa vez os palavrões, as pedradas e as caretas não foram páreo para os dentes e as garras afiadas de dois cães bravos.

Carlos Junqueiro (LETRAS-PORTUGUÊS-UFC)

Carlos Junqueiro
Enviado por Carlos Junqueiro em 21/06/2012
Reeditado em 22/06/2012
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