História verídica de uma mãe faxineira conformada com a crueldade do destino e confiante no amor de Deus.

“Meu filho trabalhava no semáforo como malabarista, daqueles que fazem apresentação com malabares na frente dos veículos enquanto o “sinal” está fechado. Meu filho, um adolescente muito bom para nossa família (eu e mais outros 07 fihos(as) e três netos) que diante das dificuldades de nossa vida, sempre chegava em casa e me repassava tudo aquilo que tinha “ganhado” em seu trabalho.

Muitos não consideram trabalho, sequer subemprego. Muitos faziam cara feia para o meu filho quando ele rapidamente passava próximo à janela do motorista esperando uma contribuição para ajudar a mudar um pouco a realidade de nossa miserável vida.

Aconteceu no sábado... Num sábado comum pela manhã, meu filho disse que sairia para trabalhar. Eu disse para ele descansar naquele dia, para ficar em casa, (parece que eu estava adivinhando) mas ele respondeu que iria, pois estava juntando dinheiro e queria me dar uma geladeira de presente, um sonho de consumo que sempre tive... Então disse a ele, tá bom então vamos orar para Deus te proteger... nos ajoelhamos no chão e juntos oramos...

Naquele mesmo dia, logo após o horário do almoço, um vizinho me procura revelando-me a tragédia: um dos malabares do meu filho havia caído sobre o teto de um estacionamento, ele teria subido para buscar, vindo o teto a desabar com meu amado filho...

Uma tristeza sem fim... meu filho morreu naquele dia...

Hoje, quando estou em meu trabalho, ouvindo rádios evangélicas, feliz, trabalhando e cantando, muitos me perguntam como eu consegui me recuperar de tamanho golpe, se não me revoltei com o acontecido e eu respondo: na realidade que eu vivo, na minha comunidade, na minha favela, vejo muitos adolescentes sendo mortos por traficantes, por bandidos ou por fazerem ou se envolverem em coisas erradas, mas Deus não permitiu que isso acontecesse com meu filho, Deus o poupou. Deus o colocou nesse mundo para ser um menino bom, um menino bom para mim, para nossa família... e como um anjo DEUS o levou. Sou feliz por isso, acreditem, Deus não permitiu que ele ficasse aqui e se tornasse um bandido como a maioria dos que me rodeiam.

Só peço uma coisa, quando olharem uma criança ou um adolescente nos semáforos da vida, olhem para eles com olhos diferentes, com olhos de compreensão, com olhos de amor. Não os vejam como vagabundos, ou alguém que busca ganhar um dinheirinho fácil, pois assim como meu filho alguém de bom coração pode ter encontrado naquela apresentação a única forma de saciar a fome de sua mãe e de seus irmãos ...”