A greve dos alunos

Cansados de aturar grito de professor, de comerem sempre a mesma merenda, de usarem a semana inteira o mesmo uniforme e de principalmente passarem quase todo o tempo copiando textos de livros, os alunos decidiram fazer greve. Afinal se os mestres faziam, eles também podiam. na verdade não estavam reivindicando nada, só queriam um tempinho de descanso. As férias ainda estavam longe. Decisão unanime, todos os turnos e séries aderiram.

Eram sete e meia. O porteiro coçava a cabeça desorientado, enquanto examinava a rua deserta. Na sala dos professores todos falavam ao mesmo tempo e ninguém se entendia. Já era o décimo dia que nenhum aluno aparecia. Na diretoria, a vice-diretora telefonava para os responsáveis em busca de uma solução, mas do outro lado da linha encontrava pais desatinados e desesperados com a inercia dos filhos. Ameaça de castigos não surtia efeito. A diretora ligara para a secretaria de educação expondo o problema, mas lá acharam graça da situação. Ligara então para Brasília para reclamar do descaso com que fora tratada pela secretaria e exigiu ser atendida pelo ministro da educação. A assessora dele riu gostosamente. O ministro é muito ocupado-disse ela-Não tem tempo para se ocupar com essas coisinhas bobas. Humilhada a diretora desligou o telefone. Não havia a quem recorrer. As cantineiras foram as que mais se desesperaram. Como de costume tinham descascado e picado muitos legumes antecipado e agora tinham que se desfazer das verduras escurecidas. Estavam com medo de serem denunciadas por desperdício.

Enquanto isso os alunos se divertiam assistindo filmes, jogando videogame, jogando bola, ou simplesmente batendo papo na praça. Os pais resignados aguardavam que os filhos caíssem em si e retornassem a escola. Torciam para que essa greve não fosse tão demorada quanto à dos professores. Vânia Lopes 23/06/2012