PRO MEU PAÍS... O QUÊ SOU?

Final de mais um ano, e eu aqui à deriva nesse mundo de meu Deus, o desemprego parece ter feito uma aliança comigo, meu armário está cheio de vazios, os únicos alimentos que ainda me restam, é o ar que respiro e a fé que carrego em meu peito sedento, hoje sou a cara-metade deste meu armário, quando abro-lhe as portas, meus olhos se enchem, mas a esperança de um novo alvorecer me agasalha a alma já dilacerada pela falta de reconhecimento dessa sociedade enfeitada de democracia, mas na verdade, nada vejo nessa terra, além de uma sistemática hipocrisia, que nos ferem os sentimentos, como se estancassem de nossas amarguras, seus fúteis prazeres repulsivos, indigestos a esse povo que carece de tanto, porém, tampouco querem saber se és tu um cidadão ou não!

Faz tempo que estou à procura de trabalho, preciso dotar a minha família, a mesma dignidade e honra, com as quais eu também fui prendado, mas não consigo ver o túnel, muito menos a luz em seu final, já não sei mais o que fazer aqui nesse mundo de meu Deus!

Sinto inquilino desta minha vil situação, estou mudo, meus passos já nem sabem mais pra onde vão, pois perderam o sentido da direção, estão desorientados, fatigados;

E assim que vou me arrastando por entre as pedras expostas em meu turvo caminho, as cores se tornaram cinzas, aos meus olhares, até o sol já não me aquece mais, só me falta o anúncio do final!

Eu, sempre fui solidário a minha pátria, a minha nação... não acho justo que não seja complacente à minha pessoa humana, e além de mim existem mais! Só sei que já não dá pra suportar essa carga tão pesada em minhas costas, me sinto assim, como um velho barco atracado à beira d’um oceano sem mar!

Autor: Valter Pio dos Santos

Jun./2012

Valtin Kbça Dipoeta
Enviado por Valtin Kbça Dipoeta em 28/06/2012
Reeditado em 02/05/2023
Código do texto: T3749845
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