SOLIDÁRIO, VOU TAMBÉM.

Meu caro amigo Antonio Carlos, o nosso mais que conhecido Seminale, mosqueteiro do rei, poeta de vanguarda, contista primoroso, pai do meu herói, Fralício, o menino que eu gostaria de ter sido.

Ao invés de, simplesmente, comentar o seu último poema, "Minha grande decisão", preferi fazê-lo em crônica, tantas as emoções que tomaram de assalto minh'alma.

A criança escondida em mim, jamais esquecida, mas simplesmente contida pela incongruência de termos que assumir uma infeliz condição de adultos, ressurgiu à leitura da sua poesia tão leve, tão humana, tão saudosa, tão verídica.

Estamos, hoje, num mundo que difere tanto do que imaginávamos em criança, um mundo tão descolorido, tão pobre de sentimentos, tão impessoal e frio que, mesmo que não queiramos, a vontade de voltar ao nosso sonhado mundo, avulta, oprime e obriga ao retrocesso.

Que entusiástica vontade, que força expressiva deu você a essa obra!

Que de paixão, de desejo, de ânsia, guiaram sua mente e sua mão para deixar tão grata e maravilhosa essa composição; uma ode à felicidade simples, tranquila, inocente, tendo como fulcro nada mais do que , embora soe paradoxalmente, o mínimo e o máximo!

Tão grata me soou a mensagem, que me proponho, de pronto, a juntar-me a você na caminhada; você leva uma legião de soldadinhos de chumbo, uma pandorga colorida,a latinha de ferro com seus botões, a milagrosa coleção de pedrinhas coloridas, talvez emprestadas pelo Fralício, e o cordão com o retrato da primeira namorada, que, quem sabe, poderia ter sido, até, a própria Violeta.

Seu rumo é a Serra da Felicidade, rumo que deveria ser o de toda a Humanidade, mas você não estará cego, nem sua trilha será incerta, pois eu estarei ao seu lado, levando comigo alguns estilingues, para que possamos atirar as pedrinhas coloridas sobre os malvados que cruzarem nosso caminho e que servirão, também, para jogar milho às avezinhas amigas. Na sacolinha de pano vão as minhas brilhantes bolinhas de gude e minha inseparável caixa de giz. O cantil vai junto, para colher a água da chuva ou dos riachos puros que, certamente, encontraremos no caminho.

Vamos em frente, irmão! Tenho como mais que certo, juntar-se-ão a nós os bravos mosqueteiros restantes, cada um trazendo sua sacolinha, seu cordão, sua caixinha e uma vontade enorme de, abraçados, trilharmos o caminho certo.

Quanto ao livrinho de mágicas, vamos usá-lo para acordar o mundo, aquele que nós deixamos sem saudade, para que, paralelamente ao nosso caminho, tenha como meta a mesma Serra.

(não deixe de ler o colega Ciro Fonseca) 

paulo rego
Enviado por paulo rego em 28/06/2012
Código do texto: T3750011