O amigo da vizinhança
O amigo da vizinhança
“Mundo mundo vasto mundo/ Se eu me chamasse Raimundo/ Seria uma rima, não seria uma solução”. Tais versos pertencem a uma estrofe de “Poema de sete faces”, do poeta Carlos Drummond de Andrade. Como estamos tratando de poesia, de literatura, devemos encarar o que está escrito como símbolo, analogia, como diria Fernando Pessoa. Sendo assim, podemos ter como interpretação do poema a idéia de que não devemos nos conformar com a realidade, buscando sempre mudanças, ou seja, não devemos rimar com o mundo.
Diversos são os exemplos de pessoas que seguem essa orientação. Che Guevara, por exemplo, foi um verdadeiro revolucionário, um herói latino-americano em busca de paz e justiça. Mas partindo para o campo da ficção pode-se encontrar exemplos igualmente ricos. Estamos nos referindo aos super-heróis!
Já que vamos falar de super-heróis, que falemos de um dos mais carismáticos, ora bolas. Não, o Batman não é carismático. O morcegão é todo autista e ainda por cima aquela relação dele com o Robin e com o coroa Alfred, o mordomo da mansão, é bem estranha, no mínimo. Então, o escolhido para a explanação será o Homem-Aranha, nada mais nada menos do que o amigo da vizinhança!
Para quem não sabe, o aracnídeo é assim conhecido por seus leitores. Ele vive salvando a cidade de Nova Iorque, capital dos Estados Unidos, das mais diversas mazelas, talvez daí venha tal alcunha, epíteto, perífrase. O cabeça de teia derrota vilões psicóticos e deformados, salva mocinhas indefesas que insistem em cair do alto de edifícios e tudo mais. Assim, ele justifica o título recebido(?). Não, não justifica!
Para ser “o amigo da vizinhança”, a pessoa deve prestar favores à vizinhança. Nada mais lógico e justo, certo? Vai me dizer que você já viu o Homem-Aranha ajudando uma velhinha indefesa e puxadora de assunto a atravessar a rua? Não, nunca viu! Bom, melhor pra ele, né, esse pessoal é meio carente e quando se simpatiza com alguém toma o dia da pessoa inteiro. Vejamos outra ação que poderia fazer dele o amigo da vizinhança... Já sei, proteger crianças pequenas de crianças grandes que se revelam ladras de figurinhas! Poxa, isso é bem chato, o guri gasta dinheiro comprando um pacote de figurinhas e logo depois vem um imbecil levar tudo embora... Lutar contra esses indivíduos é algo bem nobre. Eu, por exemplo, uma vez dei uma lição em um muleque que importunava meus primos menores. Tudo bem que eu tenho 22 anos e o muleque em questão tinha 11, mas o que vale é a intenção. =)
Ah, pusilânime leitor, você deve estar pensando que eu quero me perfazer aqui como o “amigo da vizinhança”, certo? Não, não vou faze-lo. Vou revelar-lhes aquele que considero, por meio de pesquisas e observações, o verdadeiro dignitário de tal título: Ele, o Chaves do 8! Por quê? Oras, quem é que vive fazendo favores para toda a vizinhança? Chavinho! Quem é que uma vez, após o aniversário do Quico, sentou com o senhor Madruga na escada e partilhou um pedaço de bolo? O menino do barril! Quem que fingiu ser um cachorro, o Peludinho, só para agradar a Chiquinha? O Chaves! Tinha que ser o Chaves!