Onde se esconde o amor?
 


   
  Onde se esconde o amor? Aquele amor inocência, que me fazia suspirar sem nem saber porque só de eu vê-lo passar.
     O amor que marcou à canivetinho o tronco da goiabeira de minha infância nos fundos do meu quintal, quando tímidas menina inocente, me esgueirando em seus galhos, ia o mais alto que podia, para desenhar corações em segredo com as nossas iniciais no meio e a frase "Eu te amo"...
     Esse amor está lá na velha goiabeira, que quando venta, inventa, de espalhar meu segredo infantil, primaveril.
     Lá, no alto da goiabeira, eu sonhava sendo sua namorada, lá eu me escondia das tristezas de não ser mais que sua amiguinha, lá me vingava da indignação de me tratar sempre e apenas como a uma irmã, ...
     Não sei se eu que me perdi no tempo, ou se a goiabeira que não mais me reconheceu... Seus frutos doces, de cascas amarelas e polpas avermelhadas e tenras, salpicadas de sementinhas crocantes, suas folhas verdes escurecidas, seu tronco grosso e anelado, seus muitos galhos e lá em cima, onde hoje eu sequer tenho coragem de subir, dois corações desenhados, com nossas iniciais e a frase "Eu te amo", marcando no caule ferido, vestígios desse amor quase sagrado...
     Será, meu DEUS, que é lá que se esconde o amor? E por eu não mais ter coragem de subir, e por eu não ter mais como alcançar, o amor não habita em mim?... O amor, outrossim tímido e ingênuo e sereno, de menina quase mulher, hoje me rejeita nas folhas do mal me quer...
    
Talvez digam que ele se esconde, não se mostre para mim, porque era amor idealizado e ficou, como a goiabeira, enraizado no passado... Mas é um amor concreto, como são concretos os frutos que dá o pé de goiaba a cada tempo de produção... Eu como daquelas goiabas, e alimento meu coração... o amor novamente deu frutos, ainda que de ilusão...

Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 02/07/2012
Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 02/07/2012
Reeditado em 02/07/2012
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