Relacionamento

Casamos em uma noite fria. A igreja estava lotada. Os enfeites iam da entrada até o altar. A família ocupava os seus respectivos locais, sendo que tamanha era ocupação que obrigava algumas pessoas a prestigiaram de pé tal acontecimento. Todos ansiavamos o momento do sim, e disso não foi diferente. A valsa tocou e a noiva toda de branco entrara e abrilhentará com a formusa própria da data, o evento. Todos os olhares destinavam-se a ela, que como no ensaio encantava quem a visse.

Supunhamos que com o casamento realizado e a troca de alianças efetivada nossas vidas se tornariam muito melhores. Acreditando que a felicidade dos tempos de namoro permaneceria na vida conjugal, se evitando os típicos atrítos que ocorrem com a maior parte dos casamentos.

Nunca fui de ganhar muito, disso ela sabia, e mesmo assim resolvera selar compromisso. Ela já havia passado por um casamento no civil e uma forte depressão quando pegara o marido com outra. Nos conhecemos e reavivamos um amor de infância, eu ficara só, estava triste e abalado ao passo que, minha primeira esposa veio a falecer quando nasceu minha segunda filha .

Chego a seguinte conclusão: após todos os feitos e ocorridos, apesar de todas as piulantragens do ex, ela nunca o esqueceu. Casara-se comigo apenas de fachada para esnobá-lo, já que ele, consumara o matrimonio com a piriguet com a qual cometera o ato pérfido, após ter sido expulso de casa.

Decidi não cansar minha esposa, aliás cuidar de dois filhos meus e dois dela era um trabalho exaustivo, realizava as tarefas domésticas e apesar de entregar tudo de mão beijada, ainda restava resquícios para atritos conjugais.

- Está vendo-dizia ela para a mãe- ele é quem está fazendo o jantar, não gosta da minha comida.

- Você vê ele limpa a casa, ou seja, acha que a minha limpeza não é a ideal

Nossa relação amorosa tornava-se sinonimo de posse e neurotismo, onde toda e qualquer ação que realizasse era sinal de algum buraco na nossa relação. Além disso, sempre era alvo de comparações com o ex. Como simples operário nunca pude proporcionar as regalias que o ex, um diretor de multinacional, podia proporcionar. Enquanto ele viajava para Ásia e Europa com o troco do carro zero que adquirira, eu batalhava pelo pão de cada dia.

No início o furor da novidade do casamento, e a expectativa de um novo recomeço, a encantara, mas depois tornara-se insatisfeita. Tentou até arrumar um emprego só que em todos os locais onde fora entrevistada notaram o seu desequilíbrio emocional estampado em sua face.

Brigavamos, nos atritavamos, ela saíra de casa algumas vezes, mas sempre reatavamos. Viviamos como cão e gato , ela sempre arisca e eu tentando tapar os buracos para que o navio da nossa relação não naufragasse de vez.

Minha sogra nunca foi um problema, ouço muitos colegas dizerem que sogras são o cão chupando manga. A minha pelo contrário, tratava-me muito bem, porém meu sogro valia por quase dez sogras. Bem de vida e bonachão, o senhor que possuia uma belíssima casa, gabava-se de seus adereços e objetos estrangeiros que compunham sua residência. Tentava sempre colocar-me como inferior perante ele, além de algumas vezes realizar piadas sobre a renda que eu recebia. Olhava com indignação minha esposa que ao invés de defender-me ria com medo de contrariar o pai.

Foi em uma mesma noite fria que resolvi largar tudo. Nossas filhas começavam a se atritar, como forma de reflexo da nossa relação. Minha esposa por sua vez, como mãe, pendia sempre para o lado de sua rebenta, apesar de algumas vezes não concordar que minha filha estava de toda errada em suas proposições. Larguei tudo em um suntuoso jantar, o qual durante meses havia sido programado por meu sogro, como forma de me algemar de vez a esta relação, que a meses já não ia muito bem .

Uma casa nova cheia de detalhes e peças importadas seria o presente de dois anos de casamento. Meu sogro supunha que com tal presente ficaria impossível largar de sua filha, e tal notícia seria dada apenas no ápice de tal jantar. Teria assim, de viver o resto dos meus dias enclausurado em um meio que não estava mais tolerando.

Um eloquente discurso a respeito da base familiar se iniciou na mesa. O velho homem levantava-se e dizia em alto e bom som a importancia da união. Após o fatigante momento, ocorreria o brinde, o qual selaria a ideia do compromisso permanente com ela.

Estourei! Joguei a taça no chão e resolvi acabar com aquela palhaçada. Apesar de tentar disfarçar o seu amor por mim, sabia que o coração dela ainda pertencia ao primeiro esposo. Além disso, todo aquele amor e admiração pela forte mulher que havia superado uma traição e mesmo assim não tendo perdido a vontade de viver, desaparecera, transformara-se em desprezo, ao passo que, se elevara cada vez mais sua paranóia.

Nossa separação tornou-se o momento mais feliz de minha vida, para quem acredita que o casamento é o único detentor de tal sentimento, que agurade a separação, este será sua carta de alforria. Não que pretendesse iniciar novos relacionamentos , só que os problemas que até então eram constantes, passaram a se extinguir em um passe de mágica.

Vivo hoje com minhas duas filha e sou muito feliz, pois independente de companheira ou não, a felicidade tem de emergir de dentro de cada um e assim transparecer. Um sorriso ou um olhar afetivo pode representar muito mais do que todo o dinheiro do mundo.

Nunca mais a vi, li outra vez em uma coluna no jornal que se casaria novamente, com quem não sei, apenas creio que a felicidade da vida depende apenas de nós mesmos. Se cada um tiver amor próprio, nosso companheiro torna-se apenas um complemento para nossa felicidade, podendo ou não se tornar, indispensável.

Chego a conclusão de que o homem busca seus próprios problemas, corre atrás de relações que são verdadeiros vespeiros, pautando-se no momento da escolha do companheiro ou companheira ideal, apenas pelo corpo e não pela essência e valores presentes dentro de cada um.

Vinícius Bernardes
Enviado por Vinícius Bernardes em 13/07/2012
Código do texto: T3775936
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