Pajero Blindada
De uns tempos para cá tenho pegado carona pela manhã com meus primos (pai e filha): o que se tornou muito bom para me.
Meu primo ainda tinha o mesmo carro do qual há muito me recordava, porém no segundo dia de viagem deslumbrei-me com o carro pelo qual ele foi me buscar. Uma ‘Pajero’.
Mas não era qualquer Pajero. Era uma “Pajero Blindada”.
Lembro-me com todas as letras a frase de minha prima: “... mas é blindada primo. Pra salvar nossos corações”.
Como assim salvar nossos corações? Ela é louca? O máximo que poderia acontecer, seria eu rir da cara dos bandidos, caso acontecesse algum assalto ou algo do tipo (que Deus me livre deste acontecimento por toda a eternidade), mas nunca blindar (salvar) meu coração.
Fiquei relutando nessa expressão (até então, tosca de minha prima), mas foi ai que parei e concordei com ela.
Como gostaria que meus sentimentos agissem como aquela Pajero, blindando meu coração de tudo que pudesse feri-lo, sequestra-lo ou até mata-lo.
Quantas vezes nos proporcionamos e defendemos a teoria que toda a experiência é válida?
Que pelo menos se dê errado, saberemos agir de uma próxima vez? Quantas vezes? Muitas não é?
E sempre acabamos na mesma situação: com o coração baleado seja de amor frustrado, amizade ferida, separação sangrenta, divórcio amargo, mentiras propensas...
Culpamos sempre o outro e deixamos de ver que a culpa é nossa que nos permitimos mais uma vez a tentativa de ‘dar certo’ desde que já sabíamos o final da história, como em a vida de um serial killer de Agatha Christie.
Por muitas vezes vi meu coração morrer e renascer das situações como uma fênix lendária. Cansado de guerra, fraco, sem muitas perspectivas de vida, sem fumar, beber ou se embriagar nos mais vastos perfumes e aromas encontrados. E como ele chorava de dor...
Independente de qualquer história doída e sofrida em uma coisa meu coração é idêntico aquela Pajero blindada: a coragem de receber a maior carga possível e continuar a sobreviver.