Década de 80, e os anos de ouro

Costumo fazer uma analogia desta década com a Idade do Ouro grega. Mas não no sentido da terra perfeita, em que há sol o ano inteiro, ninguém falece ou que existe alimentos em abundância, e sim que éramos felizes e não sabíamos. A década de 80 preparava a sociedade pré-global para a transformação intensa e profunda. Falo isto com embasamento em parte de minha infância nestes anos, claro que também houve colaborações de anos anteriores para que o caldeirão oitentista surgisse quase no apagar de luzes do século XX.

Grande parte das coisas feitas, produzidas neste período foi para durar. Justamente por ser o ínterim que separava a era da informação de fácil acesso e produtos com tempo de vida curto. Podemos fazer uma amostragem desta década no pioneirismo humano em vários aspectos: Literatura, música, política nacional e global e dentre tantas coisas, as quais se eu começar a enumerar tornará este texto maçante. Contudo vou tentar expor algo...

Os tempos eram de extrema turbulência no globo. Países em processo de democracia, como, por exemplo, o Brasil com as “Diretas Já”, sua semente plantada em 1984 e execução em 1985. A queda do muro de Berlim em 1989 aproximando famílias inteiras. E as confusões e ataques pessoas entre estadunidenses e soviéticos. Bom... Pelo menos se encerrou a Guerra Fria, nesta competição em que o mundo inteiro ganhou.

Na vertente musical surgiu o estilo “New Age”, e bandas de rock inglesas e estadunidenses consagram-se em definitivo. Cresceu então um sentimento de ajudar os necessitados que foram negligenciados anos atrás. Grandes festivais beneficentes foram realizados com ajuda da Televisão, artigo obrigatório em todos os lares, e grande disseminadora da cultura pop.

Foi melhor época para a sétima arte, digo isto não em lucros, mas qualidade. Grandes clássicos apareceram como: Carruagens de Fogo (1982), Karatê Kid - A Hora da Verdade (1984), Back to the Future (1985), Dirty Dancing (1987), Sociedade dos Poetas Mortos (1989). Nos cinemas brasileiros estreia: Pixote - A Lei do Mais Fraco (1981).

Hoje na “Era da Informação”, os cérebros não conseguem processar a demanda gerada pela humanidade. Não há tempo para descobrir, aproveitar, estudar e curtir determinada coisa material ou imaterial, pois os homens não querem perder seu tempo. Isto gera uma sociedade sem poder de argumentação, sem visão de que se pode viver de outras maneiras e jeitos. Descobertas, letras e mesmo ideias vindouras não conseguem espaço nesta década do sufocamento mental.

O ganhador do prêmio Nobel de Literatura de 1921, Anatole France, diz que: “O que os homens chamam de civilização é o estado atual dos seus costumes e os que chamam de barbárie são os estados anteriores. Os costumes presentes serão chamados de bárbaros quando forem costumes passados”. Com certeza para os nascidos no mudar de milênio do calendário cristão, nós do século passado, somos bárbaros. Mas creio que os costumes atuais não são filhos de pais bárbaros.

Chronus
Enviado por Chronus em 24/07/2012
Reeditado em 25/07/2012
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