senhorzinhos e sinhazinhas!

Trabalhei por vários anos na secretaria de assistência social de Minas Gerais, e em minha gestão foi elaborado a Política Estadual de Amparo ao Idoso, – surgindo logo após o Anteprojeto de Lei e a Criação do Conselho Estadual do Idoso, através de uma Comissão de Especialistas.

O antigo Ministério do Bem Estar Social promoveu vários encontros em Brasília com os representantes de todos os estados, tendo como propósito o estudo e troca de idéias para a criação do Estatuto e conselho Nacional do Idoso.

Abracei a causa com grande amor, e persistência!

O tempo corre, e como..., hoje – eu sou Idosa... Quem diria?

O Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) permanece desconhecido nas esferas administrativas federal, estadual e municipal e também pela maioria dos idosos brasileiros.

Minas Gerais é um estado que possui realidades regionais diversas. A distância entre o sul e norte não é apenas geográfica,

Cada região vivendo seus costumes, a sua cultura, muitas conservando hábitos ancestrais com valores de tradição e de cultura.

Para elaborar atividades possíveis de serem administradas, percorremos grande parte do estado, tendo com proposta conhecer o perfil dessa parcela da população, buscando características de comportamento, saúde, alimentação, moradia, transporte, educação, cultura, lazer.

Em minhas andanças pelo interior ouvia certas lamúrias:

- “Minha vida acabou, ninguém mais me dá atenção, não se lembram de mais nada. Para que viver?”. "Agora já não presto para nada, minha vida perdeu sentido…".

É neste momento que a porta do organismo se descerra -, e a doença solenemente toma posse.

A problemática do Idoso traduz uma situação de abandono, como a sua exclusão ao mercado de trabalho, e adaptação ao convívio social.

Dentro deste contexto é necessário considerar a problemática do Idoso a partir de dois enfoques:

O Sócio econômico, e o Cultural.

Visto nesta ótica, ele é excluído de uma sociedade à medida que deixa de ser considerado como força de trabalho.

Do ponto de vista familiar, - No lugar que predominava a família patriarcal ou matriarcal em que todas as decisões importantes passavam pelo parecer dos mais velhos, este sistema desapareceu. A família passou a ser nuclear, Pais e filhos.

Como podemos observar as taxas de fecundidades diminuem e a terceira idade ajudada pelo avanço da medicina - ganha em anos de vida.

Lembro-me de meu alerta às autoridades:

Que os Idosos não se tornem inativos para não se tornarem prisioneiros da depressão!

É necessário conscientizar o grupo da terceira Idade a conveniência de alguma ocupação, a confiança em seus atos, para que seus dias se tornem suaves, felizes e não um eterno agradecimento, próprio das pessoas dependentes.

Saudáveis eles serão donos de si mesmo.

A ociosidade estimulada pelos familiares, deliberação de proteção, o conceito da sociedade sobre o ancião são itens responsáveis pelo quadro degradante dos pacientes asilados, que com o tempo são abandonados, esquecidos pelos filhos, netos etc.

Com o empenho de um trabalho sério, consciente, surgirá uma sociedade mais humana - Justa e fraterna garantindo a velhice uma vida saudável, libertando-a de abrigar-se em asilo de caridade ou instituição similar.

Que eles jamais se tornem escravos dos senhorzinhos e sinhazinhas!

Marília
Enviado por Marília em 03/08/2012
Reeditado em 27/04/2015
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