MPB e Michel Teló: A era das trevas

Estou lendo uma obra do Toninho Vaz, intitulada Solar da Fossa. O livro é um compêndio dos melhores momentos culturais da década de 1960 no Rio de Janeiro. Solar da Fossa era um casarão onde moravam centenas de jovens revolucionários, loucos, gays, travestis, compositores e poetas em época de ditadura. Lá estava Caetano Veloso, Paulo Leminsky, Milton Nascimento, Paulinho da Viola e tantos outros que fizeram a história acontecer. Era um tempo difícil. Resta-me apenas chorar diante do livro. É um tempo que eu não vivi. Tenho mania de exaltar tempos passados, pensando sempre ser o melhor. Sou um velho nostálgico, um pobre de espírito. Já me bastou Michel Teló e sertanejo universitário. Cansou-me essa era de internet e cinema 3D. Os jovens Emo atuais nunca serão os jovens hippies de épocas passadas. Faltam-lhe a saga revolucionária, o entendimento político e a poesia. Onde estarão os novos Raul Seixas? A música brasileira vive a decadência, assim como o espírito de luta. Ainda escutamos os músicos das décadas passadas, que continuam vivos como nunca. Essa é a era do DJ e do êxtase. Foi-se o tempo do violão e da maconha. Sinto-me um peixe sem aquário. Enquanto novos velhos tempos não chegam vou fazendo malabarismos com braseiro em chamas. É a saga de um pequeno sonhador.