Duelo 

A lua iluminava seu corpo nu, pálido e quente, com seus pelos se eriçando ao movimento da brisa. 
Mil fios ligados ao universo me faziam chorar; 
minha fome era superior a minha vontade, e tudo me instigava a agir sem dó. 
Menos a beleza. Era um sonho, tudo tão igual ao meu sonho. 
O cheiro de eucalipto inundava o ar, e graciosamente ela pulou na água. 
As gotas que voaram prateadas, e seus cabelos fios 
de cobre.
Meus ombros pesam, dependência vil deste ser. 
Seu olhar e o meu, se cruzam enfim. 
Seria ela uma vampira ou serei eu o imortal? 
Mesmo ali escondido, ela me entorpece com seu olhar. 
Mais uma vez estava diante de meu destino, 
com medo de seguir em frente.
As nuvens cobriram o céu, criando assim trevas espessas e quase palpáveis; palpáveis de mais, 
com curvas? Trevas, com pelos? 
Trevas, com dentes? Destino cruel, me coloca 
frente a frente com meu predador, minha amada, minha isca, minha morte certa. 
Corro novamente, ainda não estou pronto para ela. 
O duelo seria muito doloroso ainda, enquanto corro ouço sua risada ecoando nas montanhas ao meu 
redor, sinto seu olhar me seguindo. 
Enquanto corro sinto meu cheiro se desprender de mim, penso nela saboreando meu medo. 
Enquanto corro esqueço da hora, de onde estou. Enquanto corro o sol nasce atrás de mim.
 

by Verena Peres Servano Rodrigues

Augusto Servano Rodrigues
Enviado por Augusto Servano Rodrigues em 15/02/2007
Reeditado em 27/08/2007
Código do texto: T382609
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.