Paradoxos

Pessoas que nascem no Norte do Brasil, convivem diariamente com as altas e escaldantes temperaturas. Não é novidade alguma, vivenciar tardes ensolaradas, contemplar um céu infinitamente azul. E sentir, em todas as extremidades do corpo, 35° ou 40° graus penetrando em cada poro de nossa pele.

Esse calor exorbitante e ferino é explicado em virtude do território nortista ser atravessado pela Faixa Equatorial - considerada como a zona mais quente do planeta. Quentura essa, que muitas das vezes chega a ser insuportável e incômoda, mesmo que já estejamos acostumados com ela.

O fato é que, entre meridianos, trópicos e paralelos, chuva e sol. É a estação do inverno que mais me atrai. Embora, aqui no “andar de cima do país”, não existam as quatro estações muito bem definidas. Deve ser por esse motivo, que sempre que posso, dou uma fugidinha e me recolho nas baixas temperaturas.

Devo concordar plenamente, que o verão transparece alegria e diversão. Mas, acontece que os tempos frios e gelados me trazem calmaria e introspectividade. Época propícia para se ler um bom livro, escrever e se refugiar entre as montanhas e serras.

É por isso que na Literatura Romântica, a natureza é vista como a extensão do eu. Se a personagem vive dias de verão é sinal de que ela está feliz. Agora, se caso é o inverno a sua estação – momentos de análises, conflitos existencialistas e tormentos estão em seu enredo.

Felicidade e melancolia, assim como o inverno e o verão são dois polos da vida. Dificilmente, suportaríamos viver todos os nossos dias enjaulados em tempestades de desalento. E também creio, que jamais gostaríamos de permanecer, iludidos com falsos e momentâneos verões.

A verdade é que vivemos em paradoxos, se sentimos frio, logo pedimos calor, se estamos casados, queremos ter comportamentos de solteiros, se temos trabalho, reclamamos do chefe, se estamos na escassez, lamentamos pela falta de dinheiro. Parece que nunca estamos verdadeiramente satisfeitos. Seres humanos são dotados de contradições. E são as oposições da vida, que nos fazem crescer e refletir sobre o nosso modo de agir e pensar.

Por isso, vejo que, se o céu da minha efêmera vida está carregado de nuvens cinzas e pesadas, penso que há um Sol oculto, esperando o tempo certo e oportuno para despontar majestoso no horizonte.

Mas, se o tempo está aberto e claro, pondero que é bom preparar meu guarda-chuva e agasalho. Porque chuvas de desilusão e desengano sempre respigarão sobre o nosso jardim.

Mayanna Velame

Mayanna Davila Velame
Enviado por Mayanna Davila Velame em 13/08/2012
Código do texto: T3828853
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