a manhã da vida

Eu, hoje pela manhã, andava calmamente até a padaria, os passos ainda preguiçosos sob o sol da manhã, quando percebi duas crianças correndo com seu cão, andavam um pouco, paravam, brincavam com seu cachorro vira-lata, e então corriam de novo, nada parecia preocupar-lhes, na verdade nada as preocupava, também andavam rumo a padaria, mas não se importavam em chegar, nem no que estavam fazendo, a hora era eterna para elas, o tempo estava imutável, presos nos seus inocentes sorrisos, e a felicidade era algo distante, coisa de adulto, pois elas não precisam ser felizes, só precisam da liberdade de serem o que são, e isso é o que fazem de melhor, pois são apenas criaturas crescendo, sem se dar conta disso, afinal só percebemos essas mudanças de tempo quando todo o tempo já nos é curto, e cada minuto, cada hora tem uma estrema importância, mas tão alta que acaba-se perdendo no próprio tempo, acaba-se perdendo todas as horas duramente planejadas para encontrá-las. Muitas vezes me pergunto o que aconteceu com aquela criança que estava em mim, aquele menino sorridente que me dominava, e hoje me pego brigando com esses mesmos meninos, pedindo paras pararem de serem o que são, mas olha, não se importem com esse ranzinza, é só inveja, é pura inveja de vocês.

maicon fran
Enviado por maicon fran em 16/02/2007
Reeditado em 04/03/2007
Código do texto: T383483