No banco da praça

Ela se sentou no banco da praça com o terço em mãos. Se apegava a ele como quem se apega ao último suspiro de vida, como quem se vê diante da última sorte no jogo. Rezava com afinco, pedindo a Nossa Senhora que lhe concedesse mais essa chance ou graça. O sol das onze horas não queimava, o calor era suportável e aquela árvore a refrescava.

Na praça, somente a companhia de um idoso que aguardava melancolicamente a chegada da hora do almoço.

Ela se encontrava devastada física, psicológica e emocionalmente, e aquele era o momento de oração onde ela renovava os votos de confiança para continuar lutando contra aquela que já a havia derrubado algumas vezes: a moléstia do físico. Ela se encontrava em absoluta solidão interior. Foi quando Mia, a gata malhada de olhos verdes se aproximou e começou a ronronar e a se esfregar em suas pernas; ela lhe pedia atenção. Por um minuto ela se esqueceu do fervor da oração e lhe concedeu alguns carinhos.

Por instantes Mia lhe fez companhia, lhe fazendo se esquecer da solidão.

Mia era persistente e não desistia em sua relutância; ronronou, miou, se esfregou, se lambeu, e se deitou ao seu lado, como quem insiste em gozar de sua companhia. Ela não relutou e assentiu, mas logo o sol esquentou, a barriga roncou e o tempo cedeu; e ela se apegou fervorosamente ao seu terço novamente se lembrando de sua moléstia e rogando a Nossa Senhora que lhe concedesse mais esta chance ou graça. E seus pensamentos retornaram ao seu objetivo.

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Karina Aldrighis
Enviado por Karina Aldrighis em 21/08/2012
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