Remédio de mãe

Hoje pela manhã, como de costume, me levantei a tempo de estar na Escola de Maturidade às 9h, ou seja despertador às 07:30h, soneca reprogramada até às 08h e aí sim, hora de despertar de verdade. Levantar foi mais trabalhoso do que o normal. Um sono daqueles... Há 3 noites tenho dormido mal, por causa de uma tosse insaciável e inconveniente que se agrava à noite, quando ponho minha cabeça no travesseiro. Na infância tive bronquite, e apesar de ter superado essa fase, sempre que gripo, a tosse me lembra daqueles tempos. Fico tossindo repetidas vezes até ficar sem ar, dae sento um pouquinho, tomo água, e tento segurar a próxima ânsia de tosse. Vai coçando tanto a garganta que, na iminência de explodir, eu solto a tosse e seja o que Deus quiser. E assim vai minha noite, quando pego no sono, já ta amanhecendo. Detalhe: toda a minha família é testemunha desse fato, já que a tosse é ouvida por toda a casa, fazendo com que todos desfrutem desse momento de “comunhão e insônia coletiva obrigatória”. =P

Então, com muita força de vontade levantei hoje. Ao mínimo sinal de movimento em meu quarto, lá vem minha mãe: “vc não vai sair não né?” (isso não é uma pergunta, isso é um aviso, percebeu?). Eu: “vou pra igreja uai” ( o uai é pra reforçar que ela já sabe disso, como acontece todo domingo”. E ela: “vc não vai hoje não, que “issão” nessa igreja (sim, ela disse, e quer dizer “ir muito”). Tossiu a noite todinha, isso dá problema no pulmão! Vai ficar ae e vai tomar o chá que to acabando de fazer”, dito isso saiu, sem espaço pra réplicas. Ok... né?

2 minutos depois lá vem o chá. Realmente já tava pronto o danado, sinal de algo muito importante. O fato dela não ter dormido direito, nem meu pai (posso imaginá-lo falando com ela: “dê um jeito na tosse dessa menina, porque não aguento mais isso”) fez com que ela madrugasse a procura de ervas e “otras cositas más” pra fazer meu chá. Esse chá é aquele no nível 12 na escala de potência. Pensa.

Então... aqui estou eu, sob prisão domiciliar decretada pela minha mãe, que é autoridade constituída por Deus sobre minha vida. “Sim Senhora, general” pensei em dizer, mas ela não tava de brincadeira, parei. Melhor não brincar com mães mal dormidas e irritadas. Alto índice de periculosidade.

Como ela vem insistindo há vários dias pra eu ir ao médico, ou na farmácia tomar uma injeção, e eu resolutamente, resisti, apelou pra o meu pai. Ele perguntou se eu queria, eu disse que não precisava. Ele saiu resmungando algo do tipo “quando era pequena eu podia levar à força, mas agora...” Pensei: “vish”. Liguei na mesma hora pra farmácia e pedi um xarope, pra amenizar a situação toda. Mas tomar água e tomar ele dá na mesma. Diante disso, ela deu seu jeito de mãe. Estou aqui, internada em casa, para tratamento materno compulsório.

De tempos em tempos ela aparece aqui no quarto com uma caneca de chá, daqueles. E agorinha terminou um xarope, que só de ver os elementos que ela colocou, já to sarando. Imagina quando eu tomá-lo.

Mãe é mãe... E remédio de mãe é remédio de mãe, sem mais.

Jordana Sousa
Enviado por Jordana Sousa em 21/08/2012
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