A Ditadura dos “Outros”

Esta noite que passou fui dormir na casa de uma tia, com um único e exclusivo objetivo, ver minha sobrinha linda.

Entre conversas e cuidados com a pequena, ouvi de minha tia algo que sempre mim assustou muito. Um ser andante, errante, do qual tive muito pavor. Os “Outros”.

Tem coisa mais horripilante do que o que os “Outros” vão pensar, agir e falar de tudo que nós fizermos?

Pior que isso, é viver em prol dos “Outros” ou criar expectativas e colocar frustrações nos “Outros”. A culpa é sua, que deixou os “Outros” dominar seus sonhos, transformando-os em pesadelos.

O engraçado é que nós passamos a infância ouvindo nossos pais dizer coisas e evitando outras para que os ”Outros” não vejam os filhos deles com maus olhos. Na adolescência os “Outros” se tornam nossos arqui-inimigos e nos impedem de ir a lugares com um vestido repetido ou uma calça fora de moda. Afinal, o que os “Outros” vão pensar?

Na fase adulta eles persistem em nos atormentar – agora com pouca credibilidade – mesmo percebendo que não damos muita confiança a eles. Hoje bebemos quando queremos e o que queremos, temos nossos círculos de amizades postos por nós mesmos. Tornamo-nos donos de nossos narizes... Porém os “Outros” não desistem e falavam absurdos de nós por todos esses e alguns outros motivos.

Mas querem saber de uma coisa já está mais que na hora de mandarmos os “Outros” para aquele lugar (o armário dos monstros, de onde não deveriam ter saído).

Chega de ilusões e expectativas autoimpostas! Por mais dolorido que seja, é hora de identificarmos o que precisa ser mudado e pararmos de projetá-las nos “Outros” ou esperar o que os “Outros” vão pensar, afinal isso não é justo com você. Confrontemo-nos então com os fatos e pesadelos, ainda que uma parte nossa evite tacitamente fazê-lo, por puro medo dos “Outros”.

Devemos lembrar que sofremos mais ainda quando insistimos em histórias que não deram, nem dão, nem muito menos darão certo. A maior parte de nossos sofrimentos deriva de insistências tolas que fazemos, a despeito de todos os conselhos em contrário.

Não deixemos que os “Outros” vejam que continuamos criancinhas indefesas.

Priorizemos então nossa liberdade pondo em fim a tirania e a maldade impostas pelos “Outros”.