Contradições e consciência de classe

Chega a ser impressionante o certo "elitismo" ou, melhor dizendo, a visão aristocrática e o conservadorismo de certas pessoas da população que introjetam para si a visão das classes dominantes. Desqualificam os seus, como se estivessem em um patamar superior.

Por exemplo, existem pessoas que, em pleno processo eleitoral ou nas eleições para as entidades sindicais ou comunitárias, afirmam que alguém, por ser inapto a comandar ou gerir algo, não pode ser eleito. Não satisfeito, ainda discrimina seu par por conta de sua parca instrução ou pelo péssimo vocábulo em seu discurso.

Um elitismo sem precedentes. Como se gente do próprio povo, mesmo sem preparo ou experiência, fosse incapaz de governar ou assumir um posto de relevância. Gente do povo privada por opiniões retrógradas de gente do próprio povo, reproduzindo a lógica das classes dominantes em desqualificar os trabalhadores.

A genuína democracia, longe de uma origem excludente como o da Grécia Antiga, envolve gente do povo. Pessoas como eu e você. Envolve gente analfabeta, com parcos recursos financeiros e intelectuais. Neste aspecto, bem que Lênin e Gramsci coadunavam entre si, mesmo vivendo conjunturas distintas, sob o papel educativo de um partido na vida do povo.

Para Lênin, em linhas gerais, o partido é a vanguarda mais avançada da classe trabalhadora, educando as massas através de suas propagandas, dos jornais do partido, da justeza das deliberações políticas e de sua inserção junto às massas.

Com Gramsci, todo o militante do partido, desde o quadro mais simples, é um portador em potencial do ideário e do projeto do partido para as massas, na condição de um autêntico "intelectual orgânico. Um intelectual longe das cátedras, mas influenciando e educando politicamente o povo nas diversas instituições ou órgãos da sociedade civil, como a mídia, a justiça, a igreja, o sindicato, o clube, as escolas e universidades, dentre outros.

Não é fácil construir uma agenda popular e democrática, quando parte considerável do povo, em um inconteste "travestismo de classe", critica os do povo que querem representar os interesses populares. Justamente os que assumem severamente os valores das elites são, implacavelmente, a parcela de um povo que não se admite enquanto tal.

Qual será o nosso papel? E de que lado realmente estamos?

Wendel Pinheiro
Enviado por Wendel Pinheiro em 25/08/2012
Reeditado em 26/08/2012
Código do texto: T3848810
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