Cubatão-Memórias. Cap. II

Cubatão-SP. Dos mangues aos bananais.

Capítulo-II

Figuras e figurinhas:

Algumas figuras e figurinhas que se tornaram pitorescas, de certa forma enriqueceram a paisagem e a história de Cubatão daquela época.

Seu Zé Pipoqueiro, ah! quantas pipocas comprei ali, sempre bem humorado, com seu bigode largo era ativo-fixo em frente ao Grupo Escolar Júlio Conceição. O Landicha com suas baganas de cigarros e o caminhar curto sobre seus tamancos, sempre pelas imediações do bar da dona Rosa, fazendo mímicas para a criançada no horário de saída da escola. Isso, contrapondo-se às longas passadas do Cachinguelo, que sempre parecia sentir frio, pois era raro que descruzasse os braços. Também havia o amolador de facas com a sua bicicleta adaptada e sua flauta de Pã. O Beijador. Sim, Cubatão também teve um beijador... risos.. O pontual padeiro das duas da tarde, ou seria das três? no seu triciclo buzinando às pampas e o infalível verdureiro com seu pregão inconfundível. Também era comum que todo início de mês aparecesse pelas redondezas um rapazola, a quem chamavam de Turquinho, que na realidade, como se apurou posteriormente, era Judeu. Era um mascate que trazia dentro de sua maleta preta, novidades e implementos para corte e costura e bordado. Agulhas de mão, carretéis de linha de todas as cores imagináveis, ramas de colchetes, sianinhas, botões de osso, dedais, riscos para bordados e etc.. As mulheres prendadas, e eram muitas, ficavam em polvorosas quando ouviam a voz do tal mascate que apregoava: “A Senhar não quer gombrar coisas pra costura? Barato, barato!”

“A Singer reverenciada”: Cabe bem como título dessa pequena e quixotesca história que lhes contarei agora.

Quando faleceu um vizinho que morava na rua de baixo, ali mesmo no B3, ocorreu esse fato que não deixou de ser hilário, quebrando um pouco o tom de esquisitice que reinava naquele dia.

O féretro, como era chamado antigamente, sairia às 16: horas, e muita gente ainda afluía para dar o último adeus ao extinto.

Era hora do almoço, umas onze horas, quando entrou de supetão pela nossa cozinha, um homem cambaleando, devido ao adiantado estado de embriaguês em que se encontrava. É bom que se diga que anormal seria ele estar sóbrio.

Trazia seu chapéu de feltro cinza junto ao peito como sinal de respeito e parando bem em frente à nossa máquina de costura, que mamãe com seus cuidados sempre cobria com um pano branco, inclinou-se ele,e resmungou com voz silábica: - Vai na paz.. Ato contínuo, mamãe lhe respondeu literalmente com essas palavras: - O senhor bebeu e entrou na casa errada. O morto mora na rua debaixo viu! (risos)

Corria o ano de 1960

José Albrto Lopes.®

José Alberto Lopes
Enviado por José Alberto Lopes em 30/08/2012
Reeditado em 31/08/2012
Código do texto: T3856934
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