SOLIDÃO

Na ruas por onde ando, na casa onde moro, nas salas que escrevo, nos escritórios que trabalho, em todo lugar me sinto só. A solidão tem sido minha grande companhia, não sei ao certo a razão, e nem me nteressa, afinal existem instantes em que a solidão é a mais sabia das amigas, pois te ouve, sem limites de irritação.

O ponto de encontro com a gente mesmo é um exercício de profunda critica e busca incessante por aquilo que ficou no meio da estrada, no meio do caminho que percorremos até aqui.

As pessoas em volta costumam não entender esses momentos, as convenções sociais nos empurram para sermos solícitos, educados, quando na verdade o que queremos é sermos deixados de lado , esquecidos por um tempo, para que a nossa reciclagem seja feita sem ofender ninguém.

Dizem que a solidão é um atalho para a depressão, os especialistas em diagnosticar a vida dos outros não pode ver alguém quieto, distante, que logo define de forma definitiva a condição do mesmo.

A falta que sentimos ao nos colocar distantes dos que nos amam, a vontade que temos em nos isolar é sempre acompanhada por perguntas que questionam tudo aquilo que fizemos, as decisões do passado e as de hoje, as escolhas que deixamos para trás, os encontros que não fizemos, as viagens que não planejamos, o tempo que perdemos em procurar ser exemplo, a insatisfação em olhar pro espelho e não gostarmos do quer vemos, e assim , tentar arrancar de nós mesmos respostas que provavelmente jamais teremos.

O passar do tempo teria como razão principal a experiência que seria o nosso grande legado, e que passaríamos para as futuras gerações. Grande engano esse pensamento, os anos que se amontoa ao longo da vida servem apenas para enrugar nossa pele, diminuir nosso fôlego, aumentar a saudade daqueles que não voltam mais, enxergar cada dia menos, e de repente, sem esperar, sermos apenas objetos de decoração que não agrada a ninguém, mais que alguns ainda cuidam, apesar do desconforto que sentem.

O nosso coração vagabundo não se cansa em ter esperança, não se esquece de guardar as linhas da nossa historia, e através do sorriso de criança acreditar que a solidão é apenas uma sala de cinema onde revisamos as cenas marcantes que interpretamos no tempo descrito para a encenação da nossa historia.