Missa pró forma

Somos de São Bernardo do Campo e nos mudamos para Marília no começo deste ano. Temos dois filhos, um de quinze e um de doze anos. Estamos procurando uma comunidade para participar que seja próxima a nossa casa. Como a Sagrado Coração, mais próxima, estava fechada nos dirigimos até paróquia da Sagrada Família, um pouco mais adiante.

A homilia falava sobre a réplica que Jesus fez aos fariseus que criticaram os discípulos que não lavaram as mãos antes de comer. Jesus replicou que o que preconizavam eram “preceitos dos homens”.

Paradoxalmente, foi o que mais vimos no decorrer da missa. Era encerramento do retiro de crismandos. O banco, a nossa frente, tinha um pessoal que, depois na apresentação dos que trabalharam no retiro, ficamos sabendo que eram do monitoramento. Não pararam um minuto com conversas paralelas, piadinhas e uma garota que estava junto, parecia ter pintado uma calça no corpo. Como se a missa fosse lugar para isso e isso fosse exemplo a dar.

Não faltaram também aquelas pessoas que quando vão ao cinema conseguem ficar duas horas sentadas em constante atenção, mas não conseguem ficar atentos em 40 minutos de missa: Vão beber água, vão ao banheiro, atravessam a nave da igreja com um arremedo de genuflexão que parece mais um dar de costas. Será que sabem para que serve a genuflexão ou para que se faz? Vão e vem como se a missa fosse um encontro social, abraçam-se e conversam no meio da homília como se, por estarem na missa valha tudo.

Fazem o sinal da cruz de ponta cabeça, não para homenagearem São Pedro, mas parece que por preguiça ou ignorância. Se soubessem que o sinal da cruz invertido é um gesto satânico, talvez se importassem mais.

Cadê o sagrado?

Fecharam com chave de ouro, não pela apresentação dos participantes, mas pela forma festeira de presenciarem o que é dever, o que é óbvio de todo católico. Gritos, assovios estridentes como num show de rock em plena missa! Os crismandos precisam disso? Cabe isso dentro de uma igreja na hora da missa?

Na nossa juventude, no retorno dos nossos retiros, éramos mencionados na missa, mas a festividade ficava para o salão paroquial.

Um senhor (esse tem letra minúscula) da “melhor idade”, ao nosso lado e de boca entreaberta esboçava um balançar negativo de cabeça. Nos entreolhamos e eu não esbocei, balancei a cabeça afirmativamente.

Cadê o sagrado?

Do profano sabe-se, mas não se importam.

Já estão até escrevendo Deus e Jesus com letra minúscula mesmo...

Sãos os preceitos humanos que se tornaram válidos e independentes da homília. A missa virou pró forma?

“1.Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu.2.Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.3.Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita.4.Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á.5.Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa.” (São Mateus,6)

Se é que a palavra de Jesus valha ainda alguma coisa.

Halmenara
Enviado por Halmenara em 04/09/2012
Reeditado em 04/09/2012
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