"DE DOIS MIL NÃO PASSARÁ"

Eram pouco mais de 11 da manhã daquele fatídico onze de setembro de 2001.Eu havia acabado de chegar à clínica odontológica e me lembro de que estávamos em época festiva no Brasil, em razão do aniversário da proclamação da independência de nosso país,que comemoramos no dia sete de setembro. Naquele exato momento, era exibida uma reportagem na TV, na qual a apresentadora falava sobre liberdade e independência e citava a conquista do povo brasileiro e seus direitos de poder expressar suas crenças, ideias,religiões e conceitos. De repente, antes mesmo de adentrar ao gabinete do dentista,fomos surpreendidos, eu e as pessoas que estavam na antessala,quando o programa matinal de variedades e culinária foi subtamente interrompido por uma vinheta de notícia extraordinária,que trazia literalmente "sem trocadilhos" a bombástica informação: algo muito estranho e estarrecedor estavam acontecendo em plena Nova Iorque, na belíssima Manhattan, lugar considerado por muitos"O coração do mundo". No primeiro momento, o que se ouviu foi um burburinho generalizado.Em seguida ficamos todos estupefatos, ante àquele cenário fumarento e conturbador.Ninguém conseguia entender o que estava acontecendo. O repórter com a voz trêmula e quase que embargada, falava direto de Nova Iorque, e as noticias que chegavam eram amorfas e desencontradas. Porém, o planeta assistia em tempo real,a maior tragédia já ocorrida nos Estados Unidos, e uma das maiores da história da humanidade. Naquele instante, sem saber ainda o que estava acontecendo, as pessoas imaginavam que aquilo era o final do mundo. Realmente,não dava para saber se era um terremoto, uma explosão qualquer, ou um furacão. Naquela hora veio-me à mente um dito muito antigo,destes da sabedoria popular,e que quando criança eu ouvi muitas vezes de meus avós e meus pais, que dizia: "De dois mil não passará". Creio que muita gente se lembrou desta frase naquele dia.

Comecei a pensar comigo mesmo. será que esta premonição, previsão, profecia ou sei lá o que, estaria se cumprindo? Alguns minutos mais tarde, porém, chegava a informação: não, não era o fim do mundo. Era sim uma das maiores provas de estupidez e bestialidade humana, pois se tratava do mais insano atentado terrorista, reivindicado e atribuído à rede terrorista Al-Qaeda. Naquele dia, o mundo todo nos seus mais longínquos recantos,viu e ouviu falar da mais perversa e sangrenta manhã de setembro que Nova Iorque já viveu. Dia em que o planeta planteou juntamente com a América, ao lembrar-se das miríficas torres gêmeas, e de sua magnitude. Verem-las agora aluídas e prostradas em duas montanhas de entulhos, e entre os escombros, corpos mutilados e carbonizados,milhares de vidas ceifadas, gente de mais de setenta países e línguas diferentes, gente que compartilhou ali o seu final do mundo _ pessoas para as quais, o fim do mundo chegou no dia onze de setembro de 2001.O doloroso episódio continua mostrando, num apelo gritante, a necessidade de reflexão por parte do ser humano, quanto à sua condição de simples usuário do planeta, um mero peregrino, nesta travessia que chamamos de vida, onde na maioria das vezes, o homem é a maior vítima de sua própria insignificância.

(Idalécio Coutinho)

IDAL COUTINHO
Enviado por IDAL COUTINHO em 10/09/2012
Reeditado em 02/08/2015
Código do texto: T3874630
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