A PRAÇA

Mais um dia, mais uma noite, neste banco, nesta praça tudo acontece tudo passa tudo começa tudo termina. Lembro-me perfeitamente no dia que cheguei aqui: Era domingo, para ser mais exato uma manha de domingo, tinha acabado de sair de casa, alias um local onde nunca pude chamar de casa, só havia brigas, minha mulher já não tinha mais o gosto de me ver, meus filhos... Hah meus filhos cada um para um lado logo me esqueceram.

Esta praça ao longo do tempo logo se tornou parte de mim, este banco onde passo a maior parte de meu tempo já deve ter mais historias para contar do que eu mesmo.

Lembro-me do dia de um jovem casal que começou seu namoro aqui, bem onde me sento todas as manhas. Jovens, belo casal até certo dia que a mocinha engravidou, uma discussão em praça publica, mocinha para um lado, jovem para o outro.

Aqui também vejo pessoas que começam a destruir a própria vida, começam a tornarem-se vergonhas para eles mesmos e para seus familiares, aqui começo a ver pessoas se matarem gradativamente com as drogas onde toda a noite sempre tem um ou dois vendendo e sempre aparecem os tipos mais estranhos para comprar. Classe média, alta, baixa não importa nunca é jovem de mais para começar a se matar... Penso em dar uma ajuda, mas quem sou eu para falar algo, sou apenas um mendigo.

Mas onde as pessoas se destroem também há renovação. No centro da praça há um grande relógio e todos os dias às nove horas da manhã uma doce e simpática senhora caminhava, nós já chegamos a conversar algumas vezes, ela era gentil e se importava muito com a sua saúde, infelizmente a felicidade não pode chegar sempre, e nessa mesma praça a pobre foi assaltada, bem eu podia fazer algo, mas sou apenas um mendigo, logo nunca mais a vi.

Essa é a história dessa praça, não é uma praça muito bonita, nem é uma praça onde se pode ter paz, infelizmente não é um lugar de muita felicidade, mas sempre há um lado bom e esse lado bom é o sorriso das crianças que brincam de futebol ou outras brincadeiras, sempre aos sorrisos ou então os senhores caminhando transpirando saúde pela suas faces, até as missas que alguns padres celebram a praça publica em alguns feriados.

Essa não é a praça perfeita e talvez eu não seja a pessoa perfeita para muitos pelo simples fato de ser um mendigo ou morador de rua, que dorme ao relento e sonha com a família que nunca teve.

RHUAN FELIPE NEVES