Os Caminhos do Amor

Não muito raramente, o amor cintila em interrogações nos nossos olhares. Em qualquer fase de nossas vidas, ficamos a buscar palavras e sensações que o exprimam e qualifiquem.

Em meio ao nosso trilhar pelo universo dos nossos encontros, entre serenidades e vendavais, a vida vai nos sinalizando a mutabilidade de tudo que nos cerca, mostrando-nos também, que amar é nossa vocação natural. Todo e qualquer despertar novamente para a vida incita-nos a conhecer o caminho da amorosidade.

Existem palavras e sentimentos dentro de nós que nos sugerem entrega e partilha. Ainda assim, nem sempre a nossa vida se reconhece em águas plácidas, quando decidimos imprimir o lastro do amor, por onde quer que caminhemos. Muitas vezes, precisamos navegar na inquietude de um mar aberto, a fim de que possamos avaliar a nossa disponibilidade para alcançar o continente, assim como para testar nosso fôlego para as braçadas que exige o navegar da evolução. Em muitos momentos, é necessário flutuar enfrentando as correntes marítimas, deixando-nos acolher no silêncio da ilha mais próxima, para que possamos refletir sobre o percurso que pode levar-nos de volta à nós mesmos, para que possamos ser descobertos e também nos vermos naquele em que nossos olhos deixam-se refletir. Muitas vezes, as palavras são inúteis para o que exprime o olhar e até o gesto que se ata em nossas mãos por absoluta impossibilidade de existir e ecoar em ternura para o universo....Muitas vezes, a linguagem em que nos identificamos e através da qual falamos em sonhos, desejos e alegrias é pequena para o que exclama em nosso coração...Há momentos em que necessitamos sentir as emoções espreguiçaram-se em nossa mudez, propiciando-nos uma intimidade sem receios, com aquilo que nem sempre compreendemos. Importa que nos ofereçamos plenamente às mãos da descoberta, ao sentir, a vibração da vertigem do que virá, ao pulsar do delírio que nos rouba a razão...Importa que deixemos o peito aberto, sem estratégias e atentos ao que as palavras nem sempre nos revelam.

Há instantes em que ocorre em nosso olhar, um estremecimento, quase um êxtase, quando nos permitimos entregarmo-nos ao mistério das confidências que o silêncio aviva. E perdemo-nos em indagações, ainda que as vezes, as palavras pareçam tão inúteis. Por mais que tentemos dar exatidão e firmeza a algum delas, deparamo-nos com uma conspiração de letras emudecidas que nos empurram à contemplação... Muitas vezes, o silêncio não é apenas e somente o parceiro da solidão, mas o som que dá eloquência ao ritmo que melhor traduz a saudade que habita o nosso olhar....

Em qualquer percurso de nossas vidas, amar é sempre o primeiro passo...

Fernanda Guimarães

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 23/02/2007
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T390544