AINDA PODEMOS DAR ALGUNS SALTINHOS EVOLUTIVOS, NEM QUE SEJA NO TRANCO

 
A evolução dá saltos (e solavancos). Não existe evolução linearmente natural. Tudo avança impulsionado por ciclos e suas mudanças de marcha sem fim. Mas também podem ocorrer saltos evolucionais por antecipação, a partir de fatores externos ou de fatores internos, neste caso, por exemplo, a tomada de consciência e a reforma íntima. Como, nesta mudança de ciclo, esses valores tipicamente antropoterráqueos não estão acompanhando par e passo o salto evolutivo da própria Terra e suas camadas supercrostais, sobrecrostais e subcrostais, a Terra mesma vai evoluir, apesar dos terráqueos. [Calma! Assim como, no dizer de Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”, com certeza toda generalização também o é, da mesma forma que não existem os cem por cento estatísticos nem a média estatística e nem o zero estatístico, no que se refere a grandes agrupamentos humanos. Portanto, sinta-se “incluído fora” da grande parcela de terráqueos que atravancam a macroevolução do planeta. ]
Não haverá uma evolução instantânea de toda a humanidade. Também não há como rebobinar o filme da sua história. Igualmente não há um botão “reset” nem comando Ctrl+Alt+Del que nos permita recomeçar tudo do zero. Não há mais tempo para uma redenção de todos ao mesmo tempo, embora ainda haja tempo para a redenção de cada um individualmente (!).
Com a emigração e imigração simultâneas interplanetárias de Espíritos, haverá um up grade no padrão vibratorial do planeta. As luzes da estrela de primeira grandeza, que é o Cristo, juntamente com as luzes da estrela de terceira grandeza, que é Alcíone, formam um grande software antivírus que varrerá da Terra e de todos os demais planetas que giram em torno da estrela de quinta grandeza, que é o Sol, as consciências virais, que serão enviadas para a lixeira (mundos inferiores, com pouca luz, com pouca grandeza).
Após a reforma “íntima do planeta”, independentemente do grande bloco vibracional que atualmente circunvolve todas as suas geodimensões, a alternância de idas e vindas espirituais entre as dimensões invisíveis e a crosta, ocorrerá em condições mais felizes. Teremos finalmente encontrado a “onda perfeita”, em que as cristas e depressões não nos causarão nenhum desgosto ou sofrimento. A Terra não será mais um “vale de lágrimas” ou mundo típico de expiações e provas.
Onde quer que cada um esteja no futuro pós-transicional, que tome consciência de que a evolução continua e de que sempre seremos instigados a aceitar e aprontar as condições que se nos forem impostas pela lei de causa (nossa) e efeito (do destino). Assim, impulsionaremos essa evolução a nosso favor, da forma menos dolorosa possível. Não importam em si as condições de vida. Importa a nossa visão sobre elas, com a capacidade de tirar-lhes proveito para nosso crescimento integral. Tendo uma multivisão ou uma inteligência reflexiva múltipla sobre as condições de vida, tenderemos a entender bem melhor os problemas do ser, do destino e da dor. Consequentemente sofreremos bem menos, e talvez muitas vezes nos sintamos felizes, ainda quando dançando sobre a prancha de um navio-pirata no tenebroso oceano para onde tenhamos escolhido navegar, e ainda convidando o próprio pirata-chefe para uma contradança (cuidando, contudo, para que a situação não se resvale para a síndrome de Estocolmo...).
A tomada de consciência em relação às condições atuais, com as quais temos de conviver, fazem-nos galgar incontinenti um degrauzinho de melhorias espirituais felizes e até bem humoradas, não importando onde cada um esteja circunstancialmente. O aconselhável é não nos iludirmos com as frivolidades consciencio-desviantes deste mundo tridimensional caduco, mas também cuidarmos de não cairmos no que já podemos chamar de síndrome de joio, que é o derrotismo doentio de se achar perdido por antecipação e destinado às “trevas exteriores” com o passar da grande transição.
Igualmente perigosa é a síndrome de trigo, que é o se achar, ou melhor, ter a certeza de já se estar salvo, por viver rezando e seguindo carolamente as prédicas de alguma religião ou seita, afastado dos “mundanos”, para não se “contaminar”.
Tanto uma síndrome extremista quanto a outra pode não impedir de se passar incólume e até feliz para o outro lado transicional. O que vale não é rótulo ou aparência, nem medos ou autoconfiança. A primeira chave de conectividade para o mundo mais feliz é o tudo de bom que se faz para si mesmo e para o próximo, somado com toda a positividade necessária trazida das várias encarnações anteriores. Predispor-se a servir, ainda que não eficazmente, mas servir efetivamente, ainda que com suas síndromes, manias, semiesquizofrenias, limitações e motivações ísmicas, lógicas ou sóficas. Eis o caminho da salvação, senão para uma luz exterior, pelo menos contra uma treva interior. E relembremos aquele dito: “Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos”.

 

CARIDADE:
GESTO DE ESPIRITUALIDADE FRATERNA

 
Com base em Jó, 8:9, “nós somos de ontem... (ou seja, temos um histórico de existências passadas) e nada sabemos (trata-se da amnésia espiritual enquanto estamos na carne); nossa vida sobre a Terra é só uma sombra.” [Será que foi ele quem inspirou Platão a escrever sobre a alegoria da caverna? ]
Deus onissabe do nosso hoje e do nosso ontem. Por isso, não devemos julgar ninguém, mas apenas ajudar, sem distinção, sem esperar qualquer retribuição.
Se estamos vivendo aqui na crosta mais uma vez, é porque ganhamos mais uma moratória, talvez a última antes da grande mudança. Mas é uma moratória condicionada à providência de muitas ações por nossa parte, para quitarmos todas as nossas dívidas passadas e para esvaziar a nossa carga cármica. E a Caridade é essa providência urgente, o valor que permeia todo o Evangelho. Ela é o amor crístico, a virtude teológica fundamental, a que move o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Ela é a prática ou a manifestação desse amor tríplice, por pensamentos, palavras e ações.
Estendamos as mãos, inclusive para oferecer a caridade-pão, a caridade-perdão, a caridade-compreensão ou a simples e benfazeja caridade-abraço. Porém, não nos acanhemos de aceitar com gratidão a ajuda que for estendida para nós, seja em forma de farnel, seja em forma de uma delicada margarida, seja em forma de um beijo, seja em forma de um tapa na cara.
De qualquer gesto pode-se tirar lição para o crescimento. É questão de ampliar previamente o entendimento geral dos problemas do ser, do destino e da dor e da sábia e sempre justa lei de causa e efeito. Esse entendimento pré-estendido pensa nossas feridas e balsama nossas dores, quase instantaneamente, quando elas chegam. Também a dor é um objeto multidimensional, da mesma forma que o sujeito que a sente. A compreensão múltipla pode não extinguir, mas pode subdimensionar a dor, fazendo-nos sofrer bem menos.
 
Isto aqui está parecendo sermão de igreja, mas, pelo menos nesta Era de Peixes que se encerra, a Caridade ainda é a tônica que faz vibrar a corda da evolução, e é o passaporte garantidor do ingresso na nova Era, a de Aquário, ou para o ingresso em um novo estado de ser, para se tornar uma pessoa-mundo melhor, regenerado.
 
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Uma situação que afasta muitos irreligiosos de abrirem a mão e o coração para o outro, é que o instituto da Caridade foi assenhoreado por algumas religiões cristãs medievais como algo material que se dá, a fim de se garantir um lugar no céu. Até hoje muitos usam a Caridade como moeda de troca, como um negócio, um toma-lá-dá-cá, inclusive para interesses terrenais comuns. Não oferecem o donativo direta ou indiretamente para os pobres, mas diretamente para os cofres de fortalezas eclesiais.
Por outro lado, algumas religiões e seitas modernas e pós-modernas contribuíram para reforçar a ideologia da riqueza material como virtude divina. Assim, muitos, ainda que inconscientemente, consideram a miséria sócio-econômica como coisa do Satanás. A oferta que costumam dar aos paupérrimos é apenas o convite para frequentar essa ou aquela igreja. Logo em seguida dão as costas e vão se embora, crentes de que estão com o dever cristão totalmente cumprido. A ideologia subliminar que se criou foi uma sutil e monstruosa separação entre os cristãos bem de vida e os miseráveis das sarjetas sócio-econômicas, tidos como aqueles que “não aceitaram Jesus como seu único salvador”. Infelizmente, uma crença reinante é que, se um ser humano está numa condição de vida miserável, então ele é um miserável que se deixou levar a esse extremo, no mínimo. Quer dizer, sistematicamente, confunde-se a condição do ser com o próprio ser. [É de se considerar, contudo, que, de tanto serem socialmente excluídos, muitos indigentes acabam se acomodando mesmo à reputação de miserável, e então permanecem por longo tempo nas trevas do autopreconceito negativo. Por isso, muitas vezes, uma primeira iniciativa de caridade é tentar tirar alguém de sua própria miserabilidade interior, seja esta qual for.]
 
Naturalmente, como sempre, em toda formação religiosa, mesmo entre aquelas tidas como não cristãs, existem as honrosas exceções de verdadeiros missionários do bem ao próximo, muitos deles agindo no inteiro anonimato. É clássico. O samaritano da parábola que o diga. [O problema é que, depois de ajudar o moribundo, ele foi-se embora sem dizer nem mesmo o próprio nome.]
 
Em razão das deturpações conceituais de quase todas as palavras relativas às virtudes ensinadas por Jesus, criou-se no correr dos séculos um arquétipo meio negativo em relação à Caridade, que passou a ter sentido quase pejorativo no inconsciente coletivo.  
Por tudo isso, muitos citadinos apressados atravessam a rua, quando veem um moribundo deitado à beira da sarjeta, até quando para um bom samaritano para ajudá-lo. Geralmente o súbito benfeitor é um passante que o próprio Jesus conseguiu convencer intuitivamente, mais ou menos com os seguintes termos: “Faça por ele, como se fosse por mim”.
[E não acheis que isso é mera força de expressão inspirada apenas no samba “Antonico[1], de Ismael Silva, não. Em verdade, foi Jesus mesmo quem certamente inspirou o grande poeta, quando disse há cerca de dois mil anos, em uma parábola: “tudo que fizestes ao menor dos meus irmãos, foi a mim que fizestes” (Mateus, 25:40).]
 
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A Caridade, como virtude crística, não é apenas um gesto filantrópico exterior, nem é exatamente o que se dá objetivamente. 
A caridade crística é basicamente uma mobilização de energias positivas e benfazejas entre seres. Beneficia tanto quem dá quanto quem recebe. Basta que envolva o gesto um sentimento bondoso, fraterno e de bem querer, com qualquer positividade. Sem isso, o gesto pode até ser filantropia, ou apenas uma esmola, mas não manifestação da Caridade.
Fazer caridade é dar-se, quase que literalmente. É estender de si uma energia de altíssima frequência na direção de alguém ou de algo.
Se nós, todos os terráqueos, nos juntássemos numa vigorosa egrégora de caridade oracional, durante alguns dias, objetivando o bem da Terra, esta viraria uma grande bola de luz no espaço e daria um salto transicional de dois mil anos, não mais para a Era de Aquário, mas direto para a Era de Capricórnio(!). Até o Cristo ficaria surpreso (☺).
Entretanto, podemos coletivamente, nos reunir com mais frequência, para orações, mentalizações, vibrações, meditações e estudos do Evangelho, em prol da paz e da iluminação de ambientes. Se ajudarmos a afastar as sombras e a pacificar os ânimos sobre um quarteirão, já será um mínimo grandioso.
A propósito, da leitura do livro “A Batalha Final”, do Espírito José Lázaro, através do médium Aguinaldo Paviani, deduzimos que durante o combate às trevas, os guardiões espirituais estão aproveiando qualquer iluminação de egrégoras humanas, para desativar intentos malignos contra cidades e até países. [Não esqueçamos que a transição planetária ocorre em vários níveis.]
 
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O amor caritativo não é somente um sentimento, um pensamento, uma palavra, uma coisa sólida ou uma ação concreta. Ela é a onda portadora, a parte sutil e profunda, a embalagem que acompanha a doação, fazendo uma ponte de luz de coração para coração, entre doador e recebedor. [É o que está ocorrendo entre as pessoas planetárias Alcíone e Terra atualmente. A caridade alcionina não é apenas o envio maciço de Espíritos em nossa direção, mas é a energia luminosa que acompanha o grande comboio através da estrada espacial profunda e que brevemente circunvolverá toda a Terra, ajudando-a em sua ascensão para um mundo melhor.]
Por outro exemplo, antes de cozinhar uma sopa para distribuição a famintos nas ruas, é de se levar em conta que a fome deles não é só do nutriente material, mas é também da energia do amor, que pode e deve se impregnar na sopa, seja na sua preparação, seja na sua distribuição. Fazer e dar um prato de sopa tem sentido cristicamente caritativo, somente se houver sentimento fraterno, boa vontade e doação de energia luminosa em todo o processo. Orações, músicas de alta vibração e pensamentos positivos e felizes são excelentes temperos para dar um gosto de afetividade a todo o gesto. Ajudam até a harmonizar as moléculas da água e das substâncias do alimento, tornando-o também uma espécie de remédio. Enfim, qualquer repasse de algo material ou mental para alguém deve ser antes de tudo um passe, um passe de amor.
 
No futuro, o amor fraterno será muito costumeiro, um sentimento expandido, felicitador, um estado de ser ativo de cada um, uma luz própria e interagente. Não será manifestada somente em situações de socorro ou em momentos de piedade, já que todos estarão em paz e satisfeitos com suas vidas relacionais. O Amor será a manifestação da própria luz emanada de cada indivíduo para o todo social.
 
“Quando, por toda parte, a lei de Deus servir de base à lei humana, os povos praticarão entre si a caridade, como os indivíduos. Então, viverão felizes e em paz, porque ninguém cuidará de causar dano ao seu vizinho, nem de viver a expensas dele.” – na resposta espiritual à questão 789 de “O Livro dos Espíritos”.
 
Muitos de nós, que ainda temos algum resquício de hedonolatria egoística, não devemos nos enganar mais com as iniquidades e frivolidades inúteis, desgastantes, drogatizantes, anestesiantes e alienantes deste mundo caduco. Elas obscurecem e bloqueiam a manifestação do Amor.
 
“... e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” – Mateus, 24:12.
 
Esse “sistema iníquo de coisas” (como diziam os seguidores da Torre de Vigia) já está se desmoronando, e terá seu fim completo nas próximas décadas (bem provavelmente no fim dos anos 50). Mas nós, não. Nós continuaremos instados ao crescimento, seja pelas responsabilidades assumidas em planos espirituais superiores ou mesmo na crosta terráquea melhorada, seja pela dor corretiva, e igualmente melhorativa, ainda que numa reta antieuclidiana mais longa, em planos purgatoriais ou até mesmo trevosos extraterráqueos, mas sempre com alguma oportunidade de ascensão.
 
Nos maiores abismos há sempre lugar para a esperança.” - André Luiz (escritor e morador da colônia espiritual Nosso Lar)
 
 

A CARIDADE COMO SALVO-CONDUTO,
ENQUANTO AINDA TEMOS DÍVIDAS A PAGAR

 
No momento em que materializamos a Caridade na direção de alguém, nos iluminamos um pouco, e repassamos um pouco dessa luz para o destinatário, o qual também captará o seu reflexo e se sentirá melhor dentro de si, independentemente do que recebeu materialmente, seja em forma-pensamento, seja em forma-palavra, seja em forma-pedaço de pão. Nesse momento alinhamo-nos diretamente com a luz crística e nos desalinhamos com a escuridão. Passamos momentaneamente a ser uma pessoa-mundo melhor. Extinguimos um pouco mais a nossa escuridão. Amortizamos um pouco mais nossa dívida geral. Sentimo-nos mais fortes e esperançosos no prosseguimento da marcha, seja por onde for que precisemos ir a serviço.
Para atingirmos melhor essa autoiluminação circunstancial, é preciso, mesmo antes de se estabelecer o contato, que olhemos o ajudado, seja ele quem for, com amor, com fraternidade. Só isso já nos abrilhanta um pouco a aura e facilita o contato.
 
“A candeia do corpo são os olhos; se, pois, os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso”. – Mateus, 6:22.
 
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Sim... Com a prática da Caridade, amortizamos a nossa dívida geral.
Outra ideia condutora de nossas ações seja esta: fazer sempre o bem, não necessariamente por ser bom, nem apenas para ser melhor, mas fazer o bem, também, para pagar dívidas ou para retribuir tudo de bom que já recebemos, principalmente a oportunidade de viver aqui na crosta nesta etapa tão decisiva da evolução planetária. [Esta última oportunidade para a maioria de nós, reincidentes, tem caráter de livramento condicional, ou melhor, condicionado à prestação de serviço voluntário à comunidade, o que ainda poderá valer como atenuante no veredito individual.]
Mesmo se sendo ainda um devedor, esforçando-se para não contrair novas dívidas, e estando no cultivo da Caridade, já não se pode mais ser taxado de inadimplente. Já se está em processo de quitação voluntária das suas dívidas, usando a moeda do Bem.
[Pode-se aproveitar também até da atividade profissional para servir ao Cristo. Muitas vezes o quê de evangelicidade não está na atividade gratuita ou voluntária em si, mas também está na maneira como a prestação de serviço é exercida, no plus de contentamento e generosidade que se acrescenta a ela, no trato com os clientes, satisfazendo, assim, o patrão maior de todos nós, que é o próprio Cristo.]
Consideremos também que no mercado de câmbio universal, a moeda do amor é muito mais valorizada do que a moeda da dor, talvez na proporção de 1 por 10. Um gesto positivo de amor no agora pode equivaler a dez gestos negativos de dor no depois ou mesmo no antes. [Lembrai-vos da soma de números relativos?] Por isso, pagar nossas dívidas, ou cobrir nossos pecados, com gestos de amor, nos permite queimar muitas etapas no processo de quitação geral de todas as nossas moras morais(!) do presente, do passado e do futuro.
 
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Ademais...
"Toda vez que a justiça nos procure para acerto de contas, se nos encontra trabalhando em benefício do próximo, manda a misericórdia divina que a cobrança seja suspensa por tempo indeterminado." – do livro “Momentos com Chico Xavier”, de Adelino da Silveira.
 
Quando nos convertemos para a prestação de serviço voluntário no campo do bem, o que é a porta de conversão mais segura ao Cristianismo crístico, ocorre uma novação das nossas antigas dívidas. Nesse momento, somos descarregados do peso da nossa carga de dívidas anteriores, e isso alivia em muito a nossa consciência. Fazemos um acordo com Jesus, que não apaga nossas dívidas passadas, mas tira-lhes o peso psicológico sobre nossos ombros. Ele nos dá um novo alento, uma nova esperança e coragem, para que comecemos a trilhar o caminho da luz, que equivale ao caminho de retorno às trevas, que deve de agora em diante ser iluminado com a lanterna do nosso espírito de resgate, para apagarmos com a luz os pontos escuros que criamos e deixamos no passado. Esse é que é o verdadeiro batismo para iniciação na ordem do Cristianismo puro e evolucional.
 
Isso para não contar que, quando estamos no exercício da caridade, nossa aura adquire tons mais luminosos, o que não deixa de ser um espantalho contra avanços do mal (ou de antigos credores sobre nosso veículo mental, emocional e físico. Torna-se uma blindagem de luz. [Serve, pelo menos, como defesa contra constipação, caxumba e paludismo.]
 
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Com a retomada da consciência, experimenta-se uma neuroplastia emocional quase que de imediato, passando-se a ser praticamente uma nova pessoa. Isso nos faz sentir cidadãos novamente, cidadãos da cidade cósmica.
A consciência crística é uma cirurgia moral, realizada pelo Dr. Jesus. A questão agora é utilizar essa consciência crística na prestação de serviço voluntário, para ir amortizando as antigas dívidas e não mais pecar. É... Jesus curava, mas dava a receita: não voltar a pecar, o que inclui amar o próximo como a si mesmo. Isso porque não amar já é pecar.
Na aritmética relacional humana existe o zero negativo. Principalmente na atual fase de tiroteios concretos e emocionais e de conflitos energéticos de todo jaez, ficar parado o tempo todo aumenta bastante o risco de ser atropelado ou de ser vítima de bala perdida. Um alvo parado, sem energia, é muito mais facilmente atingível do que um alvo em movimento liberando energia. O verdadeiro seguidor do Cristo é antes de tudo um ativista social.
O cristão prático em movimento deixa de ser alvo da escuridão e passa a ser um alvejador da luz e de energias benfazejas. Ele torna-se um seguidor do Evangelho aplicado, não necessariamente intermediado por uma religião, mas pela própria consciência do dever que está sendo cumprido presentemente e das muitas dívidas ainda a quitar. E essa consciência deve ser realimentada todos os dias, pela luz do sol crístico de primeira grandeza, através da convivência benfazeja com as pessoas e com todos os seres vivos.
Se Aristóteles afirmou que o homem é um animal político (=homo gragarius, um ser tendente ao convívio social), é de se afirmar que o homem crístico (homo cristianus) é um animal (ou melhor, um Espírito) político e tendente à caridade àqueles que precisam de ajuda para prosseguir na jornada comum. E enquanto no exercício dessa politicidade, ele vai construindo a cidade mundial e suas luzes sem limites. De outra forma, quando na estagnação em suas múltiplas faces egoísticas, ele só faz labirinto e suas sombras, até surgir um fator providencial que o instigue a mover-se. Pertence à natureza humana mover-se, ir.
É isso o que acontece atualmente com a gestante Terra, que agoniza à margem da estrada cósmica, ainda em meio à escuridão. Em breve se estenderá para ela uma mão samaritana caridosa em forma de luz primaveril, para ajudá-la a se erguer, se limpar e começar a marchar mais forte e vigorosamente, com uma nova rotação cíclica, pois a luz-caridade recebida permanecerá nela como um combustível eletromagnético.
Também nós somos grãos de sal da Terra, e o sal é um cristal.
Amando o próximo (e consequentemente a Deus), podemos fazer brilhar a nossa cristalidade e nos tornar nutrientes de luz, para ajudar a Terra em sua revitalização.
Odiando o próximo (e consequentemente a Deus), podemos também nos tornar opacos como areia de charco e agir como células venenosas, conspirando assim para destrui-la.
Cada um de nós ainda pode escolher o seu papel, antes que as novas luzes da ribalta se acendam para o próximo concerto de cordas cósmicas. E esse espetáculo acontecerá inexoravelmente a qualquer momento, com ou sem nossa participação.
 
"A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la." - Cecilia Meireles.
 
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“...porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude, e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus.” – da epístola de Paulo aos Colossenses, 1:19-20
 
Jesus deixou-se crucificar, para assumir o peso das nossas dívidas, mas não para quitá-las por cada um de nós individualmente. E o processo de julgamento quanto a essas dívidas históricas, de alguma forma, ainda continua, apesar de já está próxima a martelada judicial final, que vai decidir o destino de cada um de nós, réus-acusadores-algozes.
Cada gesto de injustiça ou de maldade que fazemos é uma martelada a mais que damos num dos pregos que prenderam o Filho do Carpinteiro sobre o mastro da Paixão. Por outro viés, cada gesto de justiça ou de bondade que fazemos é uma dívida a mais que quitamos, tirando do prego calvariano mais uma das notas de dívida.
Agindo sempre justa e bondosamente, estaremos descrucificando mais e mais aquele que foi injustamente condenado para cobrir o peso moral e plúmbeo dos nossos pecados e para tentar nos salvar. E esse Seu sacrifício supremo foi o gesto de caridade que beneficiou de uma só vez a maior quantidade de necessitados em toda a jornada comum da humanidade.
Porém, Ele deixou para todos nós como que uma carta de crédito, qual seja, o Evangelho, para que quitemos definitivamente todas as nossas dívidas morais, principalmente pelo uso da moeda-amor, ainda que nos sendo permitido o pagamento em parcelas-encarnações favoráveis.
Só que o tempo desse parcelamento para o ajuste final de contas de cada um nós já está para se encerrar. Quase todos nós estamos na fase de pagamento da última parcela.
[Estais vós, por exemplo, em dia com as vossas obrigações nesse sentido? Afinal, também vós sois um dos beneficiados e conhecidos Dele, não é verdade? Ou vais negá-Lo justamente agora, nesta hora decisiva?]
 

[1] Eis um exemplo de interpretação, na voz de Gal Costa: http://www.youtube.com/watch?v=h3lrUfHN8Kc

Josenilton kaj Madragoa
Enviado por Josenilton kaj Madragoa em 01/10/2012
Código do texto: T3909976
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