ESTAMOS DE SACO CHEIO!
Tenho lido e ouvido críticas, tímidas algumas, contundentes outras, mas todas convergindo para um ponto comum: o brasileiro não aguenta mais a forma como vem sendo conduzida a política nacional. Quando digo brasileiro, é óbvio que englobo homens e mulheres. E sendo nós, mulheres, desprovidas de saco escrotal, mais óbvio ainda é que me refiro a um saco psicológico. Um saco que se situa no cérebro e, dotado de raciocínio, observa, analisa e transmite ao corpo sensações de angústia, de raiva, de desespero frente a nossa impotência. Em suma, um saco pensante que, se não existia, acabei de inventar! Falamos, escrevemos, gritamos, mas a verdade é que estamos de pés e mãos atados frente à impunidade, que é a mãe da corrupção neste País.
A gente não gostaria mais de falar nisso, mas todo saco, mesmo o psicológico, tem um senso de medida. E o nosso está no limite de sua capacidade. Saco cheio só tem um destino: um dia estoura! E, se desse saco sair merda, vai espirrar diretamente na cara de pau dos que perderam a vergonha e o respeito com o povo, dos que pisam e dançam em nossa cabeça.
As eleições municipais estão aí. É uma pequena oportunidade para iniciarmos a limpeza da nossa casa. O problema é que os grandes tubarões dificilmente estão nos municípios. Eles estão a nível estadual e federal, onde o mar é mais profundo, e o lamaçal de conchavos deixa as águas turvas, dificultando a pesca das espécimes matreiras. E tubarão não é baleia para morrer na praia!
A impunidade, feito um cupim, está corroendo as instituições públicas brasileiras. Não existe mais ideologia partidária, só "interésses" (com é) como dizia o Leonel Brizola. Nosso saco está cheio, mas como separar o joio do trigo nessa mistura política pútrida e compacta em que transformaram o Brasil?