O mundo presente e suas nuances

“É preciso muito tempo para tornar-se jovem”, disse Pablo Picasso.

Outro dia, observando os pré-adolescentes dos dias de hoje, principalmente os ao meu redor, com uma urgência terrível de viver, pulando etapas, as meninas tornando-se mulheres aos 10 anos de idade, senti uma nostalgia ao lembrar-me da minha infância e adolescência, de como foi diferente e como fui feliz. E esta felicidade que vivi as crianças e adolescentes de agora não vivem. Estão preocupados demais em crescer, em se tornarem adultos que não curtem a fase que vivem.

A felicidade de hoje é muito efêmera, a que vivi me satisfaz até hoje, pois me lembro dela com saudade, porque a vivi intensamente. E a nostalgia também é futura, é preocupante, por minha filha bebê. Como queria que sua infância fosse como a minha! E dói-me saber que não será possível, já que o mundo de hoje é diferente, principalmente o ambiente o qual cresci, onde vivi plenamente minha infância, mantendo em mim a puerilidade e a inocência que deve existir em cada criança.

E em meio a essa divagação, é real o medo que sinto, e temo por minha filha que crescerá e viverá neste mundo o qual sempre temi. Um mundo que impõe a forma de agir e pensar, e que por mais que queiramos dificilmente conseguimos ser e agirmos diferente.

Como ser diferente num mundo igual ao dos outros. E que mundo é este que mesmo sendo igual não há igualdade entre as pessoas?

São tantos os questionamentos sem ninguém pra responder e as pessoas perdendo a curiosidade de saber, e acabando por bestializar-se com as facilidades do mundo moderno.

E minha preocupação não para de crescer, ela cresce junto com minha filha. Enquanto ela estiver em meus braços a preocupação é menor, mas quando for preciso deixa-la nos braços do mundo, me dá medo até de pensar. Dá vontade de prendê-la no ventre, protegida como esteve. Mas sei que um dia o cordão umbilical haverá de ser cortado totalmente e terei que deixar que viva por sim mesma.

Agora, o que me resta é instrui-la, incutir o conhecimento, dar bons exemplos para que não cresça com a mente vazia, mas que saiba correr atrás de seus objetivos, sabendo discernir o bem do mal, para que possa ter uma adolescência sábia e sadia, que não faça dos grilos da adolescência e juventude, motivo para estragar sua vida, tornando-se um ser devoluto, sem perspectivas, bitolado nas facilidades que a modernidade apresenta que saiba compreender e fazer escolhas diante do excesso de informação que adquirem.

E que este meu desejo seja deveras uma prece feita e atendida.

Virginia Santana
Enviado por Virginia Santana em 04/10/2012
Código do texto: T3915298
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