SEPARAÇÃO CONSENSUAL OU LITIGIOSA?

Eu sei que o cigarro faz mal à saúde. Sei também que vicia. Quando comecei a fumar ninguém falava nos malefícios do fumo. Quando eu fiquei sabendo, já estava viciada. Nas décadas de 60/70 as propagandas de cigarro estavam sempre em frente dos nossos olhos. Inclusive nos cinemas, muito em voga na época, antes dos filmes sempre colocavam aquelas imagens lindíssimas de homens a cavalo nos campos, de homens em montanhas brancas de neve, com um Hollywood entre os dedos. Pura beleza e charme! Como se ar puro e cigarro combinassem! Na televisão mulheres sedutoras, sempre bem acompanhadas, com um Minister na mão. Como se as substâncias contidas no cigarro contribuíssem para um tratamento facial! Tosse, pigarro, efizema, câncer? Imagina, isso não existia! Para a cabeça de uma adolescente fumar tinha a conotação de liberdade, de se sentir mulher!

Hoje, 44 anos depois, eu me vejo às voltas com um drama íntimo. O bom senso manda parar, para evitar os males maiores que ainda não se manifestaram. Por outro lado, o domínio da substância viciante causa um desespero psicológico, transtornando o físico, que quer reagir e não consegue. É como um casamento de uma vida toda, o qual a gente acostuma até com as coisas negativas. É uma muleta invisível que já se tornou uma extensão do braço da gente.

Li numa crônica do meu amigo recantista Marcelo Braga que ele está tentando o que eu chamo de separação litigiosa desse companheiro, ou seja, virou as costas bruscamente ao cigarro. Eu optei pela separação consensual e estabeleci uma meta diária. Não sei qual método é melhor, afinal cada físico reage de uma maneira à falta da nicotina. Seja como for, torço pelo Marcelo, torço por mim e por todos aqueles que querem e tentam sair desse relacionamento nocivo, que mata lentamente o homem e enriquece rapidamente as marcas de cigarro e o governo. Consensual ou litigiosa, não importa. Que a separação se faça!

* Dedico esta crônica ao Marcelo Braga.

Giustina
Enviado por Giustina em 04/10/2012
Reeditado em 17/08/2014
Código do texto: T3916363
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.